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INTERNACIONAL Sexta-feira, 31 de Outubro de 2025, 09:03 - A | A

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sistemas de ogivas

Testes nucleares: por que foram interrompidos e qual país tem mais armas?

R7

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (29) que Washington retomará imediatamente os testes com armas nucleares. Segundo o republicano, a decisão foi motivada pelo fato de outros países estarem conduzindo programas semelhantes. O anúncio reacendeu o debate sobre a corrida armamentista global e levantou dúvidas sobre as razões que levaram ao fim das atividades nucleares, além de questionamentos sobre quais potências mantêm os maiores arsenais do mundo.

Os testes nucleares foram suspensos há mais de três décadas como parte de uma série de tratados internacionais que buscavam conter os danos ambientais e o risco de uma nova escalada militar. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mais de dois mil testes foram realizados em todo o planeta, sendo mais da metade conduzidos pelos Estados Unidos e pela antiga União Soviética.

O primeiro teste ocorreu em 16 de julho de 1945, no deserto de Alamogordo, no Novo México, durante o chamado Projeto Manhattan. O episódio, conhecido como “Trinity”, marcou o início da era atômica e antecedeu o uso das bombas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Em seguida, a União Soviética detonou sua primeira bomba em 1949, iniciando uma disputa que se estendeu por toda a Guerra Fria.

As explosões nucleares tinham o objetivo de medir a potência e a eficiência das ogivas. Foram quatro os principais tipos de testes: atmosféricos, subterrâneos, subaquáticos e em alta altitude. Os mais antigos, realizados na superfície, espalhavam grande quantidade de material radioativo e deixaram sequelas em populações civis próximas.

A preocupação com os impactos ambientais e à saúde pública levou à assinatura do Tratado de Proibição Parcial de Testes Nucleares, em 1963. O acordo proibiu explosões no ar, no espaço e no mar, mas permitiu as subterrâneas, que continuaram a ocorrer até os anos 1990. O Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), firmado em 1996, buscou eliminar totalmente as detonações, mas ainda não entrou em vigor porque potências como Estados Unidos, China, Irã e Coreia do Norte não o ratificaram.

Segundo a Organização das Nações Unidas, entre 1945 e 1996, os Estados Unidos realizaram 1.032 testes nucleares e a União Soviética 715. A França fez 210, o Reino Unido 45 e a China também 45. Após o CTBT, apenas dez testes foram oficialmente registrados, todos conduzidos por Índia, Paquistão e Coreia do Norte.

O último teste nuclear americano foi realizado em 1992. Desde então, Washington e Moscou passaram a investir em simulações computacionais e experimentos sem detonação para garantir a eficácia de seus arsenais. Essa pausa marcou o fim de uma era de explosões em larga escala, que havia deixado regiões inteiras contaminadas por radiação, como o Atol de Bikini, no Pacífico, e Semipalatinsk, no Cazaquistão.

A interrupção dos testes não significou o fim das armas nucleares. Hoje, a Federação de Cientistas Americanos estima que existam cerca de 12 mil ogivas em todo o mundo. A Rússia detém o maior número, com cerca de 5.459, seguida pelos Estados Unidos, com 5.177. Em terceiro lugar está a China, com aproximadamente 600. Outras potências nucleares incluem França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.

Apesar da redução dos arsenais desde o fim da Guerra Fria, Rússia, Estados Unidos e China continuam modernizando seus sistemas de ogivas e mísseis. Moscou testou recentemente armas de cruzeiro e torpedos de propulsão nuclear, enquanto Washington desenvolve novos mísseis balísticos intercontinentais. A China, por sua vez, amplia seu programa nuclear com novos silos subterrâneos e ogivas de longo alcance.

A retomada dos testes, como a defendida por Trump, representa um possível rompimento da moratória informal que vigora desde os anos 1990. Especialistas alertam que uma nova rodada de detonações poderia estimular outros países a fazer o mesmo, colocando em risco décadas de esforços diplomáticos para limitar a proliferação.

Para o analista Daryl Kimball, da Associação de Controle de Armas, qualquer movimento nessa direção teria impacto direto sobre a estabilidade global. “Se uma potência voltar a testar armas nucleares, as demais não hesitarão em seguir o mesmo caminho. Isso abriria uma nova corrida armamentista e colocaria em xeque todos os acordos de contenção firmados até agora”, afirmou à CNN americana.

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