O presidente norte-americano Donald Trump descartou uma negociação imediata com o Brasil sobre as novas tarifas impostas, mas admitiu um debate futuro sobre as ações.
“Em algum momento eu vou conversar, mas não agora”, afirmou em uma entrevista a um canal de notícias dos EUA.
Trump também voltou a classificar como “muito injusta” o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na ação no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
“Estão tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta... Eu não deveria gostar dele porque ele foi muito duro nas negociações, mas também foi muito honesto. E eu conheço os honestos e conheço os corruptos“, disse.
Consequência econômica
Após o anúncio da nova tarifa de 50% para os produtos brasileiros, o clima é de incerteza para a economia do país. A exportação para os EUA é responsável por cerca de 12% do total que o Brasil vende para o mundo.
No ano passado, o total de exportações brasileiras atingiram US$ 337 bilhões, sendo US$ 40,33 bilhões para os norte-americanos.
Caso não haja acordo ou recuo, as novas taxas devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto, e o Brasil terá a alíquota mais alta entre 22 países notificados pelo presidente dos EUA neste mês.
O valor é maior do que os 30% atualmente impostos à China — após uma briga intensa entre as duas potências mundiais — a mesma de países como África do Sul, Argélia, Bósnia e Herzegovina, Iraque, Líbia e Sri Lanka.
Ameaça e recuo
A economista e professora da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Carla Beni observa que é uma característica comum no governo Trump ameaçar fortemente outros países e depois recuar.
Então, ainda há possibilidade de a medida não ser implementada. Por isso, ela diz que o momento requer cautela.
“Ele cria um pânico geral e não implementa, ou implementa um adicional muito menor, ou acaba fazendo algumas concessões. Por exemplo, para o café, ele não vai subir, para o suco de laranja, ele não vai subir”, analisa.
O economista André Perfeito também não acredita que isso vá se concretizar. “Acho que Trump está blefando. Vamos supor que aumente 50% o preço do aço brasileiro. Imagina o impacto disso na indústria de carros nos Estados Unidos”, questiona.
Carla concorda. Para ela, a imposição de uma alíquota adicional foi uma medida completamente desproporcional e não comercial.
“Vai prejudicar os Estados Unidos, porque os produtos brasileiros que eles importam — como o próprio minério de ferro, o café e o suco de laranja —, são itens que vão aumentar muito o preço para o consumidor americano”, avalia a economista.
O economista e professor da Enap (Escola Nacional de Administração Pública) José Luiz Pagnussat enfatiza que, se for confirmada, a perda de competitividade será total.
“O impacto sobre a economia brasileira pode chegar a uma redução de 0,5% do PIB, em 12 meses, além de efeitos sobre o câmbio, inflação e emprego. Serão ainda maiores os efeitos se o Brasil seguir sua tradição de reciprocidade, ampliando a guerra comercial Brasil X EUA”, analisa.
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