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INTERNACIONAL Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2025, 08:12 - A | A

Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2025, 08h:12 - A | A

Trump ordena bloqueio naval de petroleiros da Venezuela

Trump afirmou em sua conta na rede Truth Social que a Venezuela "está cercada" pela "maior armada jamais reunida na história da América do Sul" e que ela "só continuará a crescer"

Deutsche Welle

Ainda não está claro como EUA irão impor a medida contra navios sancionados. Empresa americana Chevron diz que operações no país não serão interrompidas. Cerco aumenta pressão sobre Maduro.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta terça-feira (16/12) "o bloqueio total e completo de todos os petroleiros sancionados que entrem e saiam da Venezuela", o que representa mais um passo na escalada de pressão da Casa Branca sobre o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Trump afirmou em sua conta na rede Truth Social que a Venezuela "está cercada" pela "maior armada jamais reunida na história da América do Sul" e que ela "só continuará a crescer", até que a Venezuela devolva "aos Estados Unidos todo o petróleo, terras e outros bens que nos roubaram anteriormente".

O presidente americano anunciou dessa forma o cerco ao país, em uma escalada importante da operação militar que iniciou nas águas internacionais do Mar do Caribe e que alegadamente tinha como objetivo central combater organizações do narcotráfico que atuam na região.

Não está claro como Trump irá impor a medida contra os navios sancionados, nem se recorrerá à Guarda Costeira para interceptar embarcações, como fez na semana passada.

Embora muitos navios que carregam petróleo na Venezuela estejam sob sanções, outros que transportam petróleo do país e petróleo bruto do Irã e da Rússia não foram sancionados, e algumas empresas, particularmente a Chevron dos EUA, transportam petróleo venezuelano em seus próprios navios autorizados.

Um porta-voz da Chevron, que ainda opera na Venezuela sob uma autorização especial, disse na terça-feira que suas operações "continuam sem interrupções e em total conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis ao seu negócio".

A China é o maior comprador do petróleo venezuelano, que representa cerca de 4% de suas importações, com embarques em dezembro projetados para uma média superior a 600 mil barris por dia, segundo analistas.

"Regime financia narcoterrorismo"

Em sua mensagem, ele acrescentou que "o regime ilegítimo de Maduro está utilizando o petróleo desses campos de petróleo roubados para se financiar, além de financiar o narcoterrorismo, o tráfico de pessoas, os assassinatos e os sequestros".

Trump não especificou a quais terras ou petróleo se referia, mas a Venezuela nacionalizou sua indústria petrolífera na década de 1970. Mais tarde, sob o antecessor de Maduro, Hugo Chávez, as empresas foram obrigadas a ceder o controle majoritário à estatal venezuelana PDVSA.

Caracas criticou o anúncio de Trump na terça-feira, dizendo que ele tinha como objetivo "roubar as riquezas que pertencem à nossa pátria".

Na semana passada, o Comando Sul dos Estados Unidos, que desde agosto atacou mais de 30 embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico no Caribe e no Pacífico Oriental, deu uma guinada em suas ações em águas internacionais ao apreender o petroleiro Skipper, que transportava petróleo venezuelano perto da costa do país sul-americano.

O navio, sancionado por Washington desde 2022 por seus vínculos com uma chamada "frota fantasma " de transporte de petróleo e acusado de violar normas de sanções, foi transferido para um porto dos Estados Unidos para iniciar um processo legal de confisco de sua carga.

"Ameaça grotesca"

A apreensão do petroleiro, acusada por Maduro de ser um "roubo descarado" e ato de pirataria, tensionou ainda mais as relações entre EUA e Venezuela e contribuiu para uma redução nas remessas de petróleo venezuelano. Washington impôs sanções contra seis empresas do setor de transporte de petróleo bruto e seis navios-tanque.

Isolada internacionalmente, a Venezuela é forçada a usar esses navios "fantasmas", que carregam petróleo bruto venezuelano a um preço muito abaixo do valor de mercado, para conseguir comercializá-lo e, ao mesmo tempo, contornar as sanções financeiras impostas ao país.

Caracas classificou o bloqueio de petroleiros anunciado por Trump nesta terça-feira como "irracional" e uma "ameaça grotesca".

"O presidente dos Estados Unidos pretende impor, de maneira absolutamente irracional, um suposto bloqueio naval militar à Venezuela com o objetivo de roubar as riquezas que pertencem à nossa pátria", afirmou o governo venezuelano em comunicado, acrescentando que Trump está violando o direito ao "livre comércio e à liberdade de navegação" ao lançar "uma ameaça temerária e grave" contra a Venezuela.

Estima-se que a Venezuela tenha reservas de petróleo de cerca de 303 bilhões de barris, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) - mais do que qualquer outra nação.

Bloqueio põe Caracas em dificuldades

Um bloqueio de seus portos ao tráfego de petróleo significaria enormes dificuldades para o regime, concordam analistas.

A inclusão dessas empresas de navegação e embarcações diretamente em uma lista de sanções "é uma escalada muito significativa", disse Francisco Monaldi, diretor do Programa de Energia da América Latina do Instituto Baker (Texas), à agência de notícias AFP quando o anúncio foi feito.

Esses seis navios estavam em portos venezuelanos quando a medida foi anunciada, explicou o especialista. "Os EUA estão esperando que [cada navio] deixe o país para impedi-lo", explicou.

"Isso, combinado com o fato de que alguns navios podem literalmente dizer 'Não vou voltar para a Venezuela', poderia levar a uma queda tanto no preço quanto no volume das exportações. Se as exportações também caírem, o problema da Venezuela é que ela não tem muita capacidade de armazenar petróleo bruto. Então, ela tem que interromper a produção ou fechar parte dela", explicou.

"Se não houver exportações de petróleo, isso afetará o mercado de câmbio, as importações do país. Pode haver uma crise econômica", disse Elias Ferrer, da Orinoco Research, uma consultoria venezuelana, à AFP. "Não apenas uma recessão, mas também escassez de alimentos e medicamentos, porque não conseguiríamos importar."

Questões legais

Presidentes americanos podem mobilizar forças no exterior, mas o bloqueio anunciado por Trump representa um novo teste à autoridade presidencial, disse a especialista em direito internacional Elena Chachko, da Faculdade de Direito da UC Berkeley, à agência de notícias Reuters.

Bloqueios tradicionalmente são tratados como instrumentos de guerra permitidos, mas apenas sob condições estritas, afirmou Chachko. "Há sérias questões tanto no âmbito do direito interno quanto do direito internacional", acrescentou.

O deputado Joaquin Castro, democrata do Texas, classificou o bloqueio como "um ato de guerra". "Uma guerra que o Congresso nunca autorizou e que o povo americano não quer", acrescentou.

Já havia um embargo efetivo em vigor depois que os EUA apreenderam um petroleiro sancionado na costa da Venezuela na semana passada, com navios carregados com milhões de barris de petróleo permanecendo em águas venezuelanas para evitar apreensão.

Desde a apreensão, as exportações de petróleo bruto da Venezuela caíram drasticamente, situação agravada por um ataque cibernético que derrubou os sistemas administrativos da estatal PDVSA nesta semana.

Por enquanto, o mercado de petróleo está bem abastecido e há milhões de barris em petroleiros na costa da China aguardando para descarregar. Se o embargo permanecer por algum tempo, a perda de quase um milhão de barris por dia de oferta de petróleo provavelmente elevará os preços.

 

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