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INTERNACIONAL Terça-feira, 08 de Julho de 2025, 14:16 - A | A

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Guerra comercial

Trump volta a ameaçar países do Brics: 'receberão tarifa de 10% muito em breve'

Republicano indicou que grupo de países está tentando prejudicar os Estados Unidos e destacou que qualquer um que tente desafiá-lo 'pagará um preço muito alto'

G1

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (8) que os países do Brics vão receber uma tarifa de 10% "muito em breve".

Segundo o republicano, o Brics estaria tentando prejudicar os EUA e substituir o dólar como moeda padrão global.

"Se eles quiserem jogar esse jogo, tudo bem, mas eu também sei jogar”, afirmou Trump a jornalistas durante uma coletiva na Casa Branca. “Qualquer país que fizer parte do Brics receberá uma tarifa de 10%, apenas por esse motivo”, disse, acrescentando que isso deve ocorrer “muito em breve”.

O Brics é um grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã.

"O que eles estão tentando fazer é destruir o dólar para que outro país assuma a posição e torne sua moeda o novo padrão. Perder o padrão mundial do dólar seria como perder uma guerra, uma grande guerra mundial. Não seríamos mais o mesmo país. E não vamos deixar isso acontecer”, completou Trump.

Trump também reforçou que pretende manter o dólar como a moeda “rei” no cenário global.

"Se alguém quiser desafiar isso, pode até tentar. Mas pagará um preço muito alto”, afirmou o presidente dos EUA.

Em resposta, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que os países do Brics são soberanos.

"Não aceitamos intromissão de quem quer que seja", disse Lula. "Nós defendemos o multilateralismo".

A nova ofensiva de Trump vem apenas um dia após o republicano ameaçar aplicar uma taxa adicional de 10% a qualquer país que se alinhasse "às políticas antiamericanas" do Brics, em uma publicação em seu perfil no Truth Social.

Trump não explicou o que entende por “políticas antiamericanas”. Autoridades do governo dos EUA afirmam que não há decreto em elaboração no momento, e que tudo dependerá dos próximos movimentos do bloco.

Essa não foi a primeira vez que o presidente norte-americano ameaçou o grupo de países emergentes. Em novembro do ano passado, Trump já havia exigido que o Brics se comprometessema não criar ou apoiar uma nova moeda que substituísse o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%.

A criação de um mecanismo para pagamentos em moedas locais — ou seja, uma alternativa ao dólar nas transações comerciais entre países do Brics — é uma das prioridades do Brasil dentro do grupo.

O presidente Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos. Trump, por sua vez, tem visto nisso uma ameaça ao poderio norte-americano.

Na véspera, ao comentar sobre a ameaça de Trump sobre impor uma tarifa adicional aos países que se alinhassem ao Brics, Lula também já havia dito "não achar uma coisa muito responsável e séria" que um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficasse "ameaçando o mundo através da internet".

Isso pode prejudicar o Brasil?
As novas ameaças de Trump ao Brics reacenderam preocupações sobre um eventual acordo comercial entre Brasil e EUA. As negociações seguem há meses, mas ainda sem consenso.

Após as declarações de Trump na véspera, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que “o Brasil não é um problema para os EUA” e defendeu a continuidade do diálogo entre os dois países.

"Os Estados Unidos só têm a ganhar com o Brasil. Nó somos um parceiro muito importante", afirmou o ministro, reiterando que as alternativas para negociação são "extremamente amplas".

O novo capítulo do tarifaço
O presidente norte-americano reacendeu as preocupações com a implementação das chamadas "tarifas recíprocas" nesta semana. Na véspera, Trump prorrogou a volta das taxas — suspensas desde abril — para 1º de agosto, ampliando a janela de negociação com parceiros comerciais.

A medida, no entanto, veio acompanhada de cartas enviadas a 14 nações, notificando seus respectivos líderes sobre a cobrança de tarifas entre 25% e 40% a partir do próximo mês — em uma tentativa de acelerar acordos mais favoráveis aos EUA.

As cartas enviadas aos países seguiram um padrão semelhante: Trump afirmou que o gesto representava uma demonstração da “força e do compromisso” dos EUA com seus parceiros e destacou o interesse em manter as negociações, apesar do déficit comercial significativo.

A maioria dos países, no entanto, ainda corre contra o tempo para conseguir fechar um acordo com o governo norte-americano.

Em entrevista a jornalistas nesta terça-feira, Trump afirmou que deve enviar uma carta informando a União Europeia sobre as taxas que serão aplicadas aos produtos do bloco nos próximos dois dias, afirmando que a União Europeia passou a tratar os EUA "muito bem".

O republicano também afirmou que a China tem sido “justa” nas negociações e comentou manter conversas frequentes com o presidente Xi Jinping.

Novas taxas sobre cobre, semicondutores e produtos farmacêuticos
Trump também anunciou que deve impor tarifas de 50% sobre o cobre importado ainda nesta terça-feira. A medida segue a investigação da Seção 232, iniciada por ele em fevereiro, que examina as importações do metal nos EUA.

Além disso, Trump também disse que anunciará tarifas sobre semicondutores e fará um anúncio separado sobre novas taxas sobre produtos farmacêuticos "em breve". O republicano afirmou que as taxas para medicamentos podem chegar a 200%, mas que pretende dar tempo às farmacêuticas para "se organizarem".

"Vamos anunciar produtos farmacêuticos, chips e várias outras coisas -- sabe, coisas grandes", disse Trump a repórteres, ao anunciar uma nova tarifa sobre o cobre. Ele não deu detalhes sobre quando os outros anúncios seriam feitos.

 

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