O prefeito de Juína, Paulo Veronese (União Brasil), vetou o projeto de lei que previa o aumento do duodécimo, repasse mensal de recursos do Executivo ao Legislativo. O veto foi protocolado na Câmara Municipal nesta segunda-feira (20) e atendeu a um forte clamor popular contrário ao reajuste.
"Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do art. 64, §10 e art. 83. IV, da Lei Orgânica do Município de Juína-MT, RESOLVO:
1 - Vetar integralmente, por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade, a Emenda Modificativa ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentarias 2026, para suplementar em R$ 1.800.000,00 a dotação da Câmara Municipal de Juína (Código14.001), em conformidade com o art. 29 A, inciso I, da Constituição Federal, com a correspondente redução em outras dotações", diz o comunicado à Câmara.
Com a decisão, o projeto retorna à Câmara, onde será necessário o voto de dois terços dos vereadores (nove votos) para que o veto seja derrubado. Caso isso ocorra, o aumento do repasse — já aprovado anteriormente pelos parlamentares — entrará em vigor de forma definitiva.
ENTREVISTA POLÊMICA E CRÍTICAS À CÂMARA
No fim de setembro, o prefeito havia demonstrado profunda insatisfação com o comportamento dos vereadores durante a aprovação do aumento. Em entrevista à Band FM, Veronese chegou a comparar os parlamentares a “crianças birrentas”.
“Entendendo que parece uma guerra de força, no sentido de ‘nós podemos, nós mandamos’. Sabe aquelas crianças birrentas, quando você contraria e tenta explicar e elas não aceitam? Mesmo padrão”, declarou o prefeito.
O EMBATE SOBRE O DUODÉCIMO
O centro da polêmica é uma emenda que amplia em mais de R$ 1,8 milhão o repasse ao Legislativo, elevando o orçamento da Câmara de R$ 7,4 milhões para R$ 9,2 milhões anuais a partir de 2026. Apesar da aprovação unânime dos vereadores em sessão extraordinária, Veronese se mostrou totalmente contrário.
“Eu sou contra esse repasse, até porque o repasse não é só R$ 1,8 milhão. Na verdade, são aproximadamente R$ 2,5 milhões, já que havíamos elencado um reajuste de cerca de R$ 700 mil. Não sou a favor e eles estão cientes disso”, afirmou.
Segundo o prefeito, embora reconheça a necessidade de reformas e ampliações na estrutura da Câmara, as sobras orçamentárias — que chegaram a quase R$ 2 milhões devolvidos em 2024 — demonstram que há recursos suficientes para essas melhorias sem comprometer o orçamento municipal.
Veronese disse ainda ter feito uma proposta alternativa, oferecendo o reajuste de R$ 700 mil já previsto e a liberação de recursos adicionais conforme as demandas surgissem, de forma planejada e sustentável.
“PEGOU DE SURPRESA”
O prefeito afirmou que foi surpreendido pela rapidez da votação.
“Pegou nós de surpresa. Eu já tinha viagem marcada para Cuiabá, fizeram a leitura na segunda pra votação na sexta. Infelizmente, sem citar nomes, um ou dois que se colocaram à disposição de votar contra, iludidos por alguma vantagem que eu não sei qual que é, me deparei com o voto vencido.”
Nem mesmo o líder do prefeito na Câmara, vereador Fabiano Aurélio (Bil do Módulo 4), votou contra a proposta, o que ampliou a insatisfação no Executivo.
Para Veronese, o episódio reflete uma disputa de poder que ameaça inviabilizar investimentos importantes.
“Se isso passar, vai ficar muito difícil. Temos feito um esforço de quatro a cinco anos para tentar fazer um caixa para investimentos e contrapartidas com o governo. Esse tipo de projeto pode inviabilizar e faltar dinheiro pra tudo.”
CORTES EM ÁREAS SENSÍVEIS
Para viabilizar o aumento do repasse, os vereadores propuseram cortes em setores essenciais da Prefeitura, como:
R$ 750 mil da pavimentação de ruas;
R$ 250 mil da Assessoria de Comunicação;
R$ 250 mil da manutenção do gabinete do prefeito;
R$ 500 mil da reserva de contingência.
Os valores seriam redirecionados para a construção e reforma do prédio da Câmara (R$ 1,6 milhão), aquisição de veículos e móveis (R$ 50 mil) e atividades parlamentares (R$ 100 mil).
REAÇÃO POPULAR E PRÓXIMOS PASSOS
Durante a entrevista, moradores enviaram mensagens pedindo que o prefeito vetasse o aumento, demonstrando apoio à decisão publicada nesta quinta-feira.
Agora, a Câmara precisa de nove votos favoráveis para derrubar o veto e manter o reajuste. Com apenas um vereador de oposição, o cenário político em Juína segue tenso e pressionado pela opinião pública, especialmente de comunidades que aguardam obras de pavimentação.
A disputa entre Executivo e Legislativo promete novos capítulos nas próximas semanas — e o desfecho poderá definir os rumos das finanças e das prioridades do município em 2026.
VETO REFORÇA LIDERANÇA DE VERONESE E PÕE CÂMARA SOB OBSERVAÇÃO POPULAR
O veto de Paulo Veronese ao aumento do duodécimo não é apenas um ato administrativo — é uma resposta direta à indignação popular e um movimento estratégico que reforça sua imagem de gestor prudente e alinhado aos anseios da comunidade.
Ao atender o pedido da população e se posicionar contra o aumento, o prefeito fortalece seu discurso de responsabilidade fiscal e se coloca como defensor dos investimentos em obras e infraestrutura.
Já a Câmara sai politicamente fragilizada, especialmente diante do desgaste com a opinião pública. Caso decida derrubar o veto, os vereadores enfrentarão forte cobrança popular e poderão ver sua imagem associada ao desperdício de recursos.
A votação que decidirá o futuro do projeto será um teste de força e credibilidade entre Executivo e Legislativo — e o resultado pode definir o tom da política juinense até as eleições de 2026.
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