Cuiabá, 24 de Setembro de 2025
Notícia Max
24 de Setembro de 2025

BRASIL Quarta-feira, 24 de Setembro de 2025, 08:19 - A | A

Quarta-feira, 24 de Setembro de 2025, 08h:19 - A | A

Exame nacional

Enem: saiba temas mais cobrados em história, geografia, filosofia e sociologia

Prova com questões de história, geografia, filosofia e sociologia será aplicada em 9 de novembro, mesmo dia de Linguagens e redação

G1

No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, em 9 novembro, os candidatos deverão responder a 90 questões de múltipla escolha, divididas entre Linguagens e Ciências Humanas, além da redação. Na contagem regressiva para a prova, professores orientam reforçar os tópicos mais recorrentes, sempre de olho em como são abordados.

Confira abaixo os temas de história, geografia, filosofia e sociologia que mais caem no Enem – a lista tem como base edições anteriores do exame, a partir de análises do Curso Anglo (2019-2024) e do SAS Educação (2009-2024). O g1 também reuniu dicas de professores para cada disciplina.

Como é a prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias no Enem
O aluno que vem se preparando para o Enem sabe que interpretação de texto é a principal habilidade para resolver a prova – e conta muito no bloco de Humanas. As questões podem vir também acompanhadas de imagens, gráficos, tabelas e mapas, exigindo uma boa capacidade de análise, ressalta Thomas Wisiak, coordenador de História do Curso e Colégio Etapa.

"O foco da prova de Ciências Humanas não é o domínio de conteúdo em si, mas saber lidar com o conhecimento adquirido no Ensino Médio para identificar e compreender problemas e seus respectivos contextos, apontando causas, consequências e possíveis soluções", diz o professor.

Rodrigo Magalhães, professor de Geografia e diretor do Colégio e Curso AZ, também atenta para o volume de leitura no primeiro dia de exame. Para economizar tempo, ele recomenda que, antes de tudo, o aluno leia o enunciado do exercício com atenção e identifique o comando. Em seguida, poderá ler o texto de apoio de forma direcionada e analisar as alternativas com mais precisão, sem precisar voltar ao texto várias vezes.

 Questões interdisciplinares: O diálogo entre conteúdos é uma característica do Enem, presente em especial na prova de humanas, destaca Magalhães. "Aparecem, por exemplo, itens que relacionam aspectos geográficos a momentos da história. Sociologia também pode vir associada às outras disciplinas, em questões sobre grupos e movimentos sociais na história, ou com conceitos ligados a desigualdade e segregação socioespacial".

 Atualidades: Embora a prova seja elaborada a partir de um banco de questões, com muitos itens criados anos antes, ainda podem surgir temas atuais, mas não necessariamente imediatos. Magalhães explica a abordagem: "É interessante entender o que está acontecendo na geopolítica mundial, a relação com a ONU e os conflitos que se arrastam há alguns anos, como na Faixa de Gaza ou entre Rússia e Ucrânia. E até o contexto brasileiro: quando pensamos em política e sociedade, questões de filosofia e sociologia podem abordar isso", ressalta o professor.

"Dificilmente o Enem pergunta sobre o que está acontecendo agora. As questões são feitas com antecedência, e o mundo muda muito rápido. Mas, muitas vezes, essas questões se relacionam com alguma causa ou fato histórico, que explicam o que levou até ali", explica.

Wisiak recomenda que o estudante acompanhe análises e discussões publicadas na imprensa sobre grandes temas da atualidade, variando as fontes em busca de diferentes perspectivas. "Temas com maior influência costumam ser ciência, tecnologia, meio ambiente natural, direitos humanos, migrações, conflitos internacionais e nova ordem mundial", destaca.

 Temas de história mais cobrados no Enem
* História do Brasil: Brasil Colônia (trabalho escravo, ciclos econômicos do açúcar, ouro e café), Brasil Império (Independência e Segundo Reinado), Primeira República (República Velha), Abolição, Era Vargas, Ditadura Militar e redemocratização
* História Contemporânea: Era das Revoluções (Francesa e Industrial), Guerras Mundiais, Guerra Fria, Neocolonialismo e regimes totalitários
* História geral: Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), Idade Média (feudalismo, Igreja e Cruzadas) e Idade Moderna (Renascimento, Reforma, Iluminismo e Grandes Navegações)
* Movimentos sociais e historiografia: História e cultura afro-brasileira e indígena, lutas por direitos, diversidade sociocultural; memória e patrimônio

Luiz Carlos Rodrigues, consultor pedagógico e professor de História do SAS Educação, explica que a disciplina aparece de forma cada vez mais contextualizada na prova. Os exercícios não se limitam à memorização de nomes e datas: também exigem leitura crítica das fontes históricas.

"O importante não é decorar, mas compreender. Mais do que fatos isolados, o que se busca é a noção de processo histórico: entender causas, consequências, permanências e mudanças. A ponte entre passado e presente é frequente. Muitas vezes, o estudante é convidado a analisar o mundo atual à luz da História, com olhar crítico sobre a sociedade em que vive", diz Rodrigues.

O professor acrescenta que essa análise deve ser feita com distanciamento. "O estudante precisa ser capaz de distinguir opinião de fato histórico e relacionar fontes visuais, como charges, pinturas e mapas, ao contexto em que foram produzidas. Ou seja, entendê-los como expressões de uma época, e não como verdade absoluta", recomenda.

Paralelos históricos: O Enem costuma cobrar conexões entre História Geral e do Brasil. Rodrigues destaca algumas: O Iluminismo europeu, por exemplo, aparece ligado à Independência e às primeiras Constituições; a Revolução Industrial, à escravidão, ao café e à economia nacional. Também são comuns correlações com a África (escravidão, tráfico negreiro, cultura afro-brasileira) e com os Estados Unidos (Doutrina Monroe, Guerra Fria e seus reflexos na política externa e na Ditadura Militar).

 Conteúdos ligados à atualidade também são destacados pelo professor, como ditaduras, democracia, direitos humanos e desigualdade social. "Lembre-se de que o norteador da leitura é sempre o universo ético, nunca o moral", pondera. Ou seja, ler a partir de critérios universais, e não valores pessoais.

 Temas de geografia mais cobrados no Enem
* Urbanização, industrialização e desenvolvimento econômico: mundo do trabalho, transportes, comércio, mobilidade, segregação e outros fenômenos
* Geografia agrária e meio ambiente: agricultura, pecuária e outras atividades econômicas, conflitos de terras, uso do solo e impactos humanos na natureza
* Geografia física: clima, vegetação, relevo, solos, recursos hídricos, energia; cartografia e interpretação de mapas
* Globalização, geopolítica e relações internacionais: fronteiras, fluxos migratórios, blocos econômicos, disputas territoriais, distribuição de riqueza, demografia, mudança climática

Para Rodrigo Magalhães, um tema que exige cuidado é geografia física. "São assuntos bem conceituais e que vão exigir que o aluno de fato conheça o conteúdo", diz. Em questões focadas em Brasil, espaço agrário e espaço urbano devem ser priorizados.

"A prova exige pensar na dinâmica da cidade – nas desigualdades, na segregação socioespacial – e também nas questões do campo – o avanço do agronegócio, a concentração de terras, como isso impacta o meio ambiente", exemplifica.

 Meio ambiente, um tema favorito do Enem, não aparece somente na prova de Ciências da Natureza. "Nossa relação, como sociedade, com a natureza, tanto no sentido das atividades de conservação quanto das ações predatórias", destaca Magalhães.

 Crise da globalização é outro ponto de atenção. "O assunto está em voga, com os nacionalismos cada vez mais fortes, tarifas, fechamento de fronteiras. Isso vai, justamente, contra todo o processo de globalização que vivemos nos últimos anos", acrescenta o professor.

Filosofia e sociologia no Enem: qual a abordagem?
Geralmente, os alunos acabam priorizando os estudos de geografia e história, deixando temas de filosofia e sociologia em segundo plano. Por isso, saber o conteúdo dessas disciplinas (que, inclusive, aparecem muito em itens interdisciplinares) pode diferenciar o candidato na hora do exame.

"O Enem privilegia a interpretação crítica e a aplicação conceitual em vez da 'decoreba'. A memorização, porém, não é descartada: funciona como um vocabulário conceitual que deve ser reconhecido e aplicado ao caso do enunciado", diz Gregor Castro Erbiste, editor de avaliações do SAS Educação.

Filosofia
Filosofia política e contrato social
Moral, ética e justiça
Filosofia antiga (Pré-socráticos, Sócrates, Platão, Aristóteles)
Filosofia moderna (Racionalismo, Empirismo, Idealismo alemão)
Filosofia contemporânea (Existencialismo, Escola de Frankfurt)
Epistemologia e Filosofia medieval

Para quem precisa otimizar tempo na reta final, Erbiste indica revisar conceitos-chave como contrato social (Hobbes, Locke e Rousseau), virtude e prudência (Aristóteles), dever e autonomia (Kant), método e dúvida (Descartes) e a crítica da indústria cultural (autores de Frankfurt).

Nos últimos anos de Enem, tópicos sobre política e ética se mantêm no topo, mas há movimentos notáveis: "Cresce a presença de Epistemologia (verdade, método, critérios de conhecimento) e de Filosofia medieval (fé-razão, lei natural, Agostinho e Tomás de Aquino), enquanto Descartes perde um pouco de espaço", aponta Erbiste.

Dica de estudo: "Em Filosofia, ter vantagem significa interpretar bem e aplicar conceitos a situações concretas. Vale treinar a leitura de excertos, charges, notícias e dados, sempre perguntando: 'Qual conceito filosófico está envolvido nesse problema?' e 'Como esse conceito se articula às dimensões sociais presentes no enunciado?'"

 Sociologia
Cidadania, direitos e deveres
Democracia e movimentos sociais
Estado e política
Trabalho e desigualdade
Cultura, mídia e indústria cultural
Identidade e diversidade

Erbiste destaca que, nas últimas edições da prova, cresceu a presença de temas como identidade e diversidade (marcadores como raça, gênero e sexualidade) e discussões sobre trabalho, cultura e sociedade (precarização, socialização e interseccionalidades). Itens sobre desigualdade e políticas públicas, e dilemas da sociedade contemporânea (vigilância, desinformação e tecnopolítica) também seguem em alta.

 Nas revisões, novamente, o foco deve ser em conceitos-chave como cidadania, esfera pública, estratificação e mobilidade, socialização, indústria cultural e opinião pública, buscando conhecer os pensamentos de autores estruturantes – lista que inclui Marx, Durkheim, Bourdieu, Habermas, Adorno, Stuart Hall, Nancy Fraser e Bauman, entre outros.

 

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários