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02 de Outubro de 2025

BRASIL Quarta-feira, 01 de Outubro de 2025, 07:34 - A | A

Quarta-feira, 01 de Outubro de 2025, 07h:34 - A | A

votação deve ser hoje

Reforma do IR vira disputa de protagonismo entre governo e oposição

Base de Lula defende taxação dos super-ricos, enquanto bolsonaristas pressionam por ampliar isenção do IR para R$ 10 mil e tributar bancos

Terra

A reforma do Imposto de Renda virou mais que uma discussão sobre faixas de isenção ou compensações fiscais. Na Câmara, o que se assiste é uma queda de braço explícita entre o Planalto e a oposição bolsonarista, em busca de protagonismo político. O texto deve ir a votação nesta quarta-feira, 1º, sob o clima de disputa de narrativas.

O governo largou na frente, defendendo isenção até R$ 5 mil, mas com a condição inegociável de contrapartidas que preservem o arcabouço fiscal.

A oposição, por sua vez, joga mais alto. Parlamentares confirmaram à reportagem que preparam destaque para levar a isenção a R$ 10 mil. O PL discute quem assinará o pedido, enquanto o PP de Ciro Nogueira ensaia outro movimento: aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos com lucros acima de R$ 1 bilhão e destinar a arrecadação ao alívio no bolso dos contribuintes.

No meio desse tabuleiro, o deputado Arthur Lira (PP-AL), relator da reforma do Imposto de Renda, insiste em manter o cronograma. Em público, garante que “estamos dentro do prazo”. Nos bastidores, a articulação busca entregar ao Senado um texto já “mastigado”, preservando o protagonismo da Câmara na revisão e reduzindo espaço para mudanças.

Na avaliação de Lira, nenhum parlamentar vai se posicionar contra isentar o pagamento do IR, e a discussão, no plenário da Câmara, será sobre a compensação do texto.

“A compensação será a discussão do plenário. Nós vamos compensar em 10% em cima de todo mundo? Nós vamos querer excepcionalidade advogado, engenheiro, arquiteto, como fizemos em projeto de 2021, na questão dos dividendos? Ou nós vamos encontrar outra solução? Essa é uma discussão de partidos, líderes e plenário, junto comigo, de maneira bem transparente”, ponderou.

Ele ainda ressaltou que a “única coisa” que tem pedido à Câmara é “responsabilidade”. E completou: “Para que a gente não leve um croc, aquele cascudinho. (...) Vamos tomar a decisão, vamos enfrentar o discurso sem medo”, disse, durante reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária.

A oposição, depois do fiasco da PEC da blindagem, enxerga aqui a chance de se reposicionar. Não se trata apenas de brigar por alíquotas: é a tentativa de capturar uma bandeira popular e vendê-la como responsabilidade fiscal --ainda que o custo real seja assunto para outro dia.

Do lado do governo, a articulação passa pelas mãos de Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais. Coube a ela reforçar entre os aliados que não haverá desoneração sem contrapartida. O discurso oficial mira os 'super-ricos': taxação de fundos exclusivos e aumento da carga sobre dividendos seguem no cardápio como formas de sustentar a ampliação da faixa de isenção sem furar o arcabouço fiscal. Para o Planalto, esse é o caminho para mostrar disciplina nas contas públicas e, ao mesmo tempo, preservar a narrativa de justiça social.

 

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