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ECONOMIA Quinta-feira, 23 de Novembro de 2017, 14:15 - A | A

Quinta-feira, 23 de Novembro de 2017, 14h:15 - A | A

CADÊ A PROMOÇÃO?

Black Friday: Produtos mais desejados não são os que têm maior desconto; entenda

Corte nos preços atingem itens de categorias que não constam entre as mais buscadas por consumidores.

G1

As promoções da Black Friday chegam até a motivar brigas pelas produtos ofertados. (Foto: Nacho Doce/Reuters)

As promoções da Black Friday chegam até a motivar brigas pelas produtos ofertados. (Foto: Nacho Doce/Reuters)

Se o brasileiro espera encontrar os produtos que são seus sonhos de consumo com os maiores descontos da Black Friday desta sexta-feira (24), é melhor se preparar para frustração.

As categorias mais desejadas dos últimos anos não foram as que tiveram os itens com maiores cortes nos preços.

No ano passado, segundo dados do comparador de preços Zoom, o consumidor esperava levar para casa:

•Smartphones;

•TVs;

•Eletrodomésticos;

•Eletroportáteis;

•Notebooks.

Mas encontrou os maiores descontos em:

•Jogo “Scooby Doo & Looney Tunes”, para Nintendo 3DS (de 75%, para R$ 9,90);

•Tênis da Kipling (de 70%, para R$ 95);

•Ventilador de mesa, da Mallory (de 70%, para R$ 20,67);

•Toner Magenta, da Xerox (de 70%, para R$ 233);

•Camisa do São Paulo Futebol Clube (de 70%, para 41,90).

 

Thiago Flores, diretor-executivo do Zoom, diz que, apesar do mote da data ser uma de descontos no varejo, não há uma exigência para as lojas fazerem promoções para todos os itens.

“A Black Friday não tem um acordo de que todos os produtos têm de ter um desconto agressivo.”

Segundo ele, os produtos de categorias desejadas não estão entre os que recebem maiores descontos devido a seus altos preços e à estratégia dos varejistas.

black friday

As promoções da Black Friday chegam até a motivar brigas pelas produtos ofertados. (Foto: Nacho Doce/Reuters)

Gasto médio maior

“Essas categorias mais buscadas têm um tíquete médio maior e dificultam financeiramente dar um desconto muito maior, já que elas têm um valor absoluto muito maior”, diz.

Ele explica que um desconto, mesmo que razoável, sobre um aparelho caro pode fazer o consumidor economizar uma boa quantia.

“No ano passado, tinha uma TV de 55 polegadas, 4K e nanocristais, uma das mais vendidas, que era vendida, em média, por R$ 5 mil. Mas custava originalmente mais de R$ 6 mil”, conta. “Percentualmente não é muito (cerca de 17%), mas a gente está falando de um desconto real de R$ 1 mil. Ela não entrou nos maiores descontos, mas com R$ 1 mil você pode até comprar outro produto.”

 

Estratégia da loja

Cortar mais o preço de produtos com custo menor pode ser ainda uma estratégia adotada pelas lojas para atrair clientes. No meio de tantas lojas, é um atrativo anunciar que conta com itens com altos percentuais de desconto.

“A lógica é a seguinte: eu dou um desconto percentualmente alto para puxar o produto que tem o tíquete médio baixo, para gerar mais venda e, assim, mais compradores.”

Se a loja colocar em promoção um item que custa R$ 20 com 80% de desconto, a venda sai por R$ e a loja abriu mão de R$ 16 por item. Mas apenas uma promoção do tipo permite que a empresa anuncie descontos de até 80% na loja.

Relação com fornecedores

A relação comercial entre varejistas e fabricantes também pode ditar quais produtos redebem os cortes mais profundos de preços. Para conseguir descontos significativos, os varejistas já precisam comprar o produto dos fornecedores por preços substancialmente menores.

Um princípio básico de economia é que preço é definido de acordo com oferta e demanda. Isso quer dizer, por exemplo, que os produtos menos desejados e com mais estoque tendem a ter mais desconto.

Isso explica porque lançamentos, apesar de desejados, não são itens alvo de promoções mais generosas. As pessoas tendem a querer pagar mais por ele e não faz tanto sentido para os fabricantes e varejistas oferecer descontos neste momento.

No caso dos celulares, por exemplo, o “lançamento é quase impossível de entrar” entre os mais descontados, diz Freitas. O mais comum é que os preços mais atrativos sejam dados a aparelhos que já não são os mais atuais. Por exemplo: o iPhone 5S custava 16% menos em 2015, ano do lançamento de seu sucessor, o iPhone 6.

Mas há exceções. Em 2015, a lista dos produtos com maior abate no preço contou com um item bastante desejado - o smartphone LG G4, lançado naquele ano. Em situações assim, a empresa faz uma super promoção para "roubar" potenciais clientes de outras marcas. Comercialmente, a estratégia é lucrar mais no volume de vendas do que na margem.

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