A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que entra em vigor em 6 de agosto, impactou fortemente os exportadores de café do Brasil.
Mas como o café pode ser armazenado por meses sem perder qualidade, o setor tem margem para aguardar as negociações entre os dois países, ao contrário dos exportadores de produtos como frutas e pescados.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o grão preserva a qualidade por até oito meses após a colheita.
Com isso, a safra colhida em 2025 pode ser exportada somente no próximo ano, reduzindo em parte a preocupação do setor.
Setor espera isenção da tarifa
Enquanto isso, os exportadores estão em compasso de espera, aguardando que o café seja incluído na lista de exceções ao tarifaço de 50%.
Em 2025, já foi colhido cerca de 85% do café arábica brasileiro, o tipo mais comprado pelos EUA, segundo dados da consultoria Safras e Mercados. A partir deste mês, ele começa a ficar disponível para exportação, e boa parte ainda não foi negociado.
Um dos fatores que animou o setor foi a fala recente do secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, sobre a possibilidade de o café entrar numa categoria de produtos com tarifa zero de importação.
Lutnick não citou o Brasil e nenhum outro país. No dia seguinte, Trump oficializou a tarifa de 50% com quase 700 exceções, mas o café ficou de fora.
Outro ponto a favor dos exportadores é a relevância do café brasileiro para os Estados Unidos, maiores consumidores da bebida no mundo e com pouca produção.
O Brasil é responsável por um terço do café consumido nos EUA e por 44% da produção mundial de café arábica, o tipo mais importado pelos americanos. Os concorrentes têm participação bem menor.
Nos EUA, grande parte do café arábica brasileiro é usada em blends, misturado a grãos mais suaves de países como Colômbia e outros da América Latina.
O café nacional, conhecido pelo corpo e doçura, equilibra o sabor final do produto consumido nos EUA.
Negociações travadas
As conversas entre exportadores e importadores estão em ritmo lento. “O impacto econômico é claro, e os compradores sabem que não há como substituir o Brasil. Por isso, a demora é natural”, afirma Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé.
Mesmo que o café permaneça entre os itens taxados, não há previsão de quanto tempo o tarifaço vai durar, o que aumenta a insegurança no setor.
Se a taxa durar muito tempo, especialistas acreditam que o mercado deve mudar: os EUA buscariam outros fornecedores e o Brasil venderia para outros países.
“Seria uma nova realidade que o mercado teria que precificar. É incalculável”, afirma Marcos Matos.
Como funciona a exportação do café brasileiro?
A colheita do café acontece uma vez por ano, no primeiro semestre. Após a retirada dos grãos, é necessário um período de preparo que pode levar semanas.
No caso do café arábica, o mais vendido ao mercado americano, esse preparo pode levar até dois meses, segundo o analista Fernando Maximiliano, da consultoria StoneX.
Depois de colhido, o grão passa por etapas como a remoção da casca e, em seguida, é vendido a empresas exportadoras.
O próximo passo é classificar o café, por densidade e separação de defeitos, para atender ao perfil de qualidade exigido por cada cliente ou país.
Só então o café é ensacado e enviado ao porto em contêineres.
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