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INTERNACIONAL Sábado, 02 de Agosto de 2025, 08:45 - A | A

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alvo de críticas internacionais

Hostilidades contra turistas israelenses crescem no mundo

Em incidente mais recente, cruzeiro com turistas israelenses a bordo foi hostilizado em três portos de ilhas gregas em protestos de moradores locais

O Globo

As imagens de fome em massa na Faixa de Gaza e de multidões desesperadas em busca de comida intensificaram as críticas internacionais a Israel nas últimas semanas, enquanto o país prossegue com sua ofensiva de quase dois anos no enclave palestino. O crescente horror com a situação — que levou diversos países a anunciarem um possível reconhecimento formal do Estado da Palestina e fez com que, pela primeira vez desde o início da guerra, grandes organizações humanitárias em Israel passassem a falar em genocídio — está tornando mais visível um fenômeno que até agora vinha ocorrendo em episódios isolados: a hostilização a turistas israelenses no exterior. 

No mais recente incidente, manifestantes tentaram impedir na terça-feira que passageiros de um navio de cruzeiro desembarcassem na ilha grega de Creta, no Mediterrâneo. O mesmo navio foi hostilizado em outras duas ilhas: Rodes e Siros. Ao longo do mês de julho, vieram à tona vídeos e relatos de turistas israelenses sendo expulsos de restaurantes na Espanha, na Itália e na Áustria, de adolescentes em férias sendo perseguidos na saída de uma boate em Rodes ou de um casal em celebração das bodas de prata sendo impedido de se hospedar em um camping na Áustria.

Em Creta, a polícia local entrou em confronto na terça-feira com manifestantes que tentavam impedir que cerca de 1.500 turistas israelenses desembarcassem do navio de cruzeiro Crown Iris no porto de Agios Nikolaos. Aos gritos de "Palestina livre, livre!", eles desfraldaram uma enorme bandeira palestina no local. A tropa de choque, que cercava o local, usou spray de pimenta para conter a multidão. Quatro pessoas foram detidas, segundo a mídia local.

Foi o terceiro incidente em uma semana. Cenas semelhantes ocorreram no dia anterior, quando o Crown Iris atracou em Rodes, no leste do Mar Egeu. Na ocasião, a polícia de choque entrou em confronto com manifestantes que pediam o fim da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Treze pessoas foram detidas, segundo as autoridades.

Na terça-feira da semana passada, o Crow Iris atracou em Siros. Um grupo de 150 a 300 pessoas carregava faixas que diziam "Parem o genocídio" e "Sem ar-condicionado no inferno", e impediu que os passageiros do navio desembarcassem. Alguns israelenses a bordo do navio reagiram agitando bandeiras de Israel e gritando "que sua aldeia queime", um slogan popular entre os extremistas de direita de Israel. O protesto foi organizado por moradores locais contra a fome em Gaza. A empresa israelense de cruzeiros Mano Cruise decidiu que os passageiros não deveriam desembarcar em Siros e a embarcação continuou viagem para Chipre

 Destino turístico
Em resposta aos incidentes, o chanceler israelense, Gideon Sa’ar, entrou em contato com seu colega grego, Giorgos Gerapetritis, que prometeu que o governo do país adotará medidas mais duras para coibir os protestos.

— Qualquer um que tente impedir cidadãos de um terceiro país de entrar na Grécia legalmente será processado, preso e submetido aos procedimentos criminais sob a legislação antirracista — disse o ministro da Ordem Pública, Michalis Chrisochoidis.

A Grécia é um destino turístico popular para israelenses em pacotes turísticos e viagens independentes, principalmente nos meses de verão, e há vários voos diários entre Tel Aviv e Atenas, bem como voos de aeroportos israelenses diretamente para as ilhas gregas. Em comparação com outros países europeus, houve, em geral, menos manifestações pró-palestinas na Grécia desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023. De acordo com uma pesquisa da consultoria QED realizada em junho, cerca de 55% dos gregos acreditam que o país deve permanecer neutro em relação ao conflito em Gaza, cerca de 34% acham que deve ser contra Israel e cerca de 11% a favor de Israel.

No entanto, os protestos se tornaram mais frequentes nos últimos meses. Em outro episódio envolvendo turistas israelenses, um grupo de seis jovens afirmou ter sido perseguido na saída de um bar em Rodes por dezenas de homens, alguns armados com facas, na madrugada do dia 23 de julho. Segundo relatos de um dos jovens ao site israelense YNews, ao menos um foi espancado. A investigação da polícia grega produziu outra versão, segundo a qual um grupo de cerca de 20 jovens israelenses ficou cantando slogans pró-Israel diante do local, sendo confrontado por um grupo que os chamava de "assassinos". Um funcionário do bar teria tentado separar os dois grupos.

 Isolamento internacional
Essas manifestações ocorrem em um momento em que o número de mortos em Gaza ultrapassa os 60 mil. Imagens de crianças palestinas desnutridas e ataques repetidos a pontos de distribuição de ajuda humanitária intensificaram a indignação pública no exterior e até na sociedade israelense. Na segunda-feira, o líder da oposição, Yair Lapid, alertou para a crise humanitária e possíveis sanções contra o país, além de reflexos para seus cidadãos.

— O mundo vai se fechar para os israelenses — afirmou em entrevista coletiva em Tel Aviv.

Outros vídeos que viralizaram nas redes sociais mostram viajantes israelenses enfrentando hostilidade na Itália e na Espanha. Em um episódio em maio, um casal de turistas acusou a dona de um restaurante em Nápoles de expulsá-los apenas por serem israelenses. No vídeo é possível ouvir a voz da turista acusando a italiana de ser "antissemita" e "apoiadora de terrorismo". A dona do restaurante alegou que apenas interveio em uma conversa do casal com outro de uma mesa ao lado explicando seu apoio aos palestinos e que isso teria desencadeado uma agressão verbal do casal de turistas, que passou a filmá-la.

 Em outro caso, o dono de um restaurante em Vigo, na região espanhola de Galícia, também expulsou turistas israelenses em 10 de julho debaixo de insultos, dizendo que eles não eram bem-vindos no estabelecimento. "Viva a Palestina livre", gritou ele, que filmou o incidente, no qual mandou os turistas "irem comer em Gaza". A polícia local abriu investigação por possível crime de racismo.

Já na Áustria, em dois episódios recentes, músicos israelenses relataram terem sido expulsos de um restaurante em Viena apenas por falarem hebraico, e um casal disse ter sido impedido de estacionar seu trailer em um camping no Tirol quando, ao registrar-se, deram-se conta de sua nacionalidade.

 Os casos de hostilidade contra turistas israelenses já começam a impactar as escolhas de destinações nas férias de verão no país. As agências de viagem registram a subida da demanda por lugares vistos como mais seguros para os israelenses. Segundo o site YNews, houve um aumento de reservas de 23% para Praga, 20% para Budapeste, 17% para Dubai e 15% para a Tailândia, em comparação com anos anteriores.

 

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