Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Foto: Ricardo Bufolin/CBG
Pouco antes do embarque para a aclimatação, a equipe do Brasil já falava em um Mundial histórico em Liverpool. E realmente foi a melhor participação do país na competição. Recorde de pódios, melhor posição no quadro de medalhas, primeira campeã do individual geral. A ginástica artística do Brasil mostrou que está em um novo patamar, que pode crescer a caminho das Olimpíadas de Paris e se aproximar cada vez mais das potências da modalidade no Mundial da Antuérpia, em 2023.
Inflamado pelo fenômeno Rebeca Andrade - a campeã olímpica estava em uma forma excepcional -, o Brasil foi o quinto país com maior número de finais: 12 vagas nas decisões. Acabou perdendo dois postos em finais por causa da lesão no tornozelo direito de Flávia Saraiva, mas ainda assim os brasileiros conseguiram o quinto posto no quadro de medalhas. Sempre atrás apenas de Estados Unidos, Japão, China e Grã-Bretanha, que tradicionalmente dominam o pódio ao lado da Rússia, suspensa por causa da guerra na Ucrânia.
Nas peças de publicidade da competição, além dos anfitriões britânicos, imagens de Rebeca, Flavinha e Arthur Nory estampavam os cartazes espalhados por Liverpool, não apenas na arena de competição. Uma prova de que o Brasil passou a ser visto como atração do Mundial.
- Sem dúvidas percebo um olhar diferente para o Brasil. O Brasil ocupa aí um lugar enorme na ginástica Mundial. Traz pra gente um respeito, um reconhecimento. Principalmente, em um esporte de nota, que é um esporte que você tem muito essa subjetividade. O código de pontuação da ginástica é um dos mais objetivos dentro das notas, e ali elas são muito parecidas, mas existe dentro da ginástica sim o respeito da ginástica brasileira e a camisa pesa, pode ter certeza – afirma Henrique Motta, coordenador da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).
A camisa do Brasil – ou o collant - pesou bastante na final por equipes femininas. Pela primeira vez as brasileiras se colocaram como favoritas ao pódio em uma disputa por equipes. Não fosse a lesão de Flavinha, a medalha inédita seria bem provável. Com ela se apresentando apenas nas barras assimétricas, o Brasil ainda ficou a menos de um ponto do bronze.
Aqui vale lembrar que no Mundial de 2019, último com disputas por equipes, o Brasil amargou o 14º lugar por equipes femininas, ficando fora dos Jogos de Tóquio como time pela primeira vez desde a estreia olímpica em Atenas 2004. O salto de patamar em três anos foi enorme, puxado pelo desempenho de Rebeca. Ainda que tenha cometido falhas como o erro no salto da classificatória que lhe tirou da final de seu principal aparelho, a campeã olímpica foi o principal nome da competição, conquistando o ouro mais cobiçado, o do individual geral. O Rebeca quebrou a hegemonia de americanas e russas.
A seleção masculina também saiu com resultados para se comemorar para além do bronze de Arthur Nory na barra fixa. Caio Souza foi o quinto no salto e entrou para o top 10 do individual geral. E o Brasil voltou à final por equipes masculina depois de bater na trave no Mundial de 2019 e nas Olimpíadas de Tóquio. Em um cenário de disputa muito acirrada, se manter no top 8 em Liverpool é um primeiro passo para conseguir mais uma vez a vaga olímpica no ano que vem, na Antuérpia.
O Brasil ainda depende muito de seus principais ginastas, como Rebeca, Flavinha, Nory e Caio Souza. Mas viu em Liverpool novas caras se apresentarem bem, como os estreantes Julia Soares e Yuri Guimarães. Eles ainda não chegaram às finais individuais, mas mostraram que têm potencial. Trabalhar esses talentos pode ser um caminho para entrar de vez no hall de potências da modalidade, porque depois de um resultado como o de Liverpool, o Brasil pode sonhar mais alto para o Mundial de 2023.
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