O futuro de Filipe Luís no Flamengo segue em aberto após o vice na Copa Intercontinental diante do PSG, mas o cenário fora do Brasil é mais limitado do que o discurso de sonho europeu pode sugerir.
Embora o treinador de 40 anos tenha evitado cravar a permanência em 2026 e admita o desejo de voltar à Europa, agora como técnico, a avaliação interna no clube é de que as chances reais de uma saída para o Velho Continente, neste momento, são pequenas.
A leitura da diretoria rubro-negra é que a excelente temporada do treinador naturalmente aumenta seu prestígio internacional, mas não encontra um mercado aberto para absorvê-lo agora.
O futebol europeu atravessa o meio da temporada, com clubes já estruturados e poucos espaços disponíveis para mudanças de comando, especialmente para um técnico em início de carreira no profissional.
Há ainda obstáculos práticos. Filipe Luís não possui a licença exigida para trabalhar na Premier League, o que fecha uma das principais vitrines do continente. Em mercados como Espanha e Portugal, as principais equipes já contam com treinadores consolidados, reduzindo ainda mais as possibilidades imediatas.
O futebol árabe surge como alternativa financeira, mas é visto pelo próprio Flamengo como pouco atrativo do ponto de vista esportivo para um técnico que está dando os primeiros passos na carreira.
Filipe Luís deve renovar
Internamente, o clube entende que a renovação é o caminho mais lógico para ambas as partes. Filipe Luís tem pouco mais de um ano como treinador profissional, soma cinco títulos de peso no comando do Flamengo e construiu identificação profunda com o elenco. Não há sinais, nos bastidores do vestiário ou nas movimentações de mercado, de que o vínculo esteja ameaçado neste momento.
Após a derrota nos pênaltis para o PSG, o técnico deixou claro que ainda não é hora de decisões definitivas. Disse estar “de luto” pelo resultado, afirmou não ter recebido propostas e reforçou que seu foco esteve integralmente no Flamengo até a final. Ao mesmo tempo, reconheceu publicamente o sonho de um dia voltar à Europa, onde quer tentar alcançar como treinador o que não conseguiu como jogador, como o título da Champions League.
A conversa decisiva deve acontecer nos próximos dias com o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, e o diretor de futebol José Boto. As tratativas haviam sido congeladas desde a classificação para a final da Libertadores, mas a diretoria prepara uma proposta de valorização salarial, entendendo que o técnico ainda recebe vencimentos semelhantes aos da época em que subiu da base.
Representado pelo empresário Jorge Mendes, Filipe Luís tem respaldo e interlocução no mercado europeu, mas o próprio Flamengo avalia que o timing joga a favor da permanência. Para o clube, seguir no projeto, com estabilidade, protagonismo esportivo e espaço para amadurecimento, tende a ser mais vantajoso do que uma saída apressada para um mercado restrito. A decisão final, porém, passa pela mesa de negociação e pelo peso que o sonho europeu terá na escolha do treinador.
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