As Filipinas decretaram estado de calamidade nacional nesta quinta-feira, após a passagem do tufão Kalmaegi deixar um rastro de destruição pelo país. O fenômeno climático, apontado pela base de dados de desastres EM-DAT como o mais letal registrado em 2025, provocou 142 mortes e deixou 127 desaparecidos, segundo dados oficiais do governo filipino, que ainda realiza operações de busca, resgate e salvamento. O Kalmaegi ganha força enquanto segue em direção ao Vietnã, que está em alerta máximo, enquanto as Filipinas esperam a chegada de uma segunda tempestade.
As inundações provocadas pelo tufão, descritas como sem precedentes, devastaram povoados e cidades na província de Cebu, onde arrastaram veículos, barracos e até mesmo enormes contêineres de transporte. A Defesa Civil local confirmou 114 mortes, mas o número não inclui outros 28 óbitos registrados pelas autoridades provinciais de Cebu. Mais de 500 mil pessoas foram deslocadas pelas inundações.
O presidente filipino, Ferdinand Marcos, declarou "estado de calamidade nacional", o que autoriza o governo a liberar recursos para ajuda humanitária e a impor limites aos preços de produtos de primeira necessidade.
— Infelizmente, há outro (tufão) a caminho, com potencial para ser ainda mais forte — alertou Marcos em uma entrevista coletiva, em referência à tempestade tropical Fung-wong, que ganha força enquanto avança em direção a Luzon, a principal ilha das Filipinas.
Em Liloan, um povoado perto da cidade de Cebu onde 35 corpos foram retirados das zonas inundadas, jornalistas da AFP viram carros empilhados e telhados arrancados de edifícios, cujos moradores tentavam remover a lama.
Uma mulher com necessidades especiais foi uma das vítimas em Liloan, ao ficar presa em um quarto quando sua casa foi inundada.
— Tentamos abrir [a porta de seu quarto] com uma faca e uma alavanca, mas ela não cedeu. Depois, a geladeira começou a boiar — contou Christine Aton, irmã da vítima. — Abri a janela e meu pai e eu saímos nadando. Choramos porque queríamos salvar minha irmã mais velha.
Chyros Roa, de 42 anos, disse que sua família foi salva pelos latidos de seu cachorro quando a água começou a subir durante a madrugada em sua casa, o que permitiu que todos se abrigassem no telhado.
Na ilha vizinha de Negros, onde morreram pelo menos 30 pessoas, a chuva causada pelo tufão provocou um deslizamento de terra em um vulcão que soterrou casas na cidade de Canlaon, disse à AFP o tenente policial Stephen Polinar.
Marcas da mudança climática
As tempestades estão se tornando mais intensas devido às mudanças climáticas, alertam os cientistas. Uma análise científica apresentada por pesquisadores do grupo World Weather Attribution apontou que o furacão Melissa, que atingiu a Jamaica e outros países caribenhos no mês passado, foi intensificado pelas mudanças climáticas. O estudo aponta que a tempestade teve ventos 7% mais fortes, e que a intensidade da chuva dentro da parede do olho do furacão foi 16% maior.
A organização fundada em 2014, que já publicou mais de 100 estudos estabelecendo a ligação entre o impacto da mudança climática com ondas de calor, secas, incêndios florestais e tempestades, apontou que o fator tem influência na intensidade dos fenômenos, mas que isso "não significa automaticamente que todos os furacões se tornarão poderosos". Um estudo de 2022 indica que a frequência de furacões pode estar diminuindo, mas aqueles que se formam têm maior probabilidade de se tornarem extremos, segundo o principal relatório climático das Nações Unidas.
O meteorologista Benison Estareja disse à AFP que a chuva registrada durante a passagem de Kalmaegi pelas Filipinas foi 1,5 vez superior à média prevista para a região de Cebu durante todo o mês de novembro. Ele destacou que era algo que ocorria "uma vez a cada 20 anos".
Alerta no Vietnã
A velocidade do vento do Kalmaegi aumentou nesta quinta-feira, enquanto o tufão seguia para o vizinho Vietnã, que enfrenta os danos provocados por uma semana de inundações que deixaram 47 mortos.
O tufão deve atingir o centro do Vietnã nas próximas horas, com ondas de até oito metros e fortes ressacas. O vice-primeiro-ministro vietnamita Tran Hong Ha afirmou que as autoridades locais devem encarar o Kalmaegi como "urgente e perigoso" e o chamou de tempestade "muito anômala".
As autoridades ordenaram que milhares de pessoas abandonem suas casas, e um esforço está sendo feito para alertar os moradores de comunidades costeiras de porta em porta.
Tufão x Furacão
Furacão, tornado e tufão são tempestades poderosas, que se diferenciam pela velocidade atingida pelos ventos e também onde eles ocorrem. Meteorologistas também usam o termo genérico "ciclones tropicais" para classificar esses três fenômenos.
Tufão é o nome que se dá aos ciclones formados na parte ocidental do oceano Índico e também no sul da Ásia. O fenômeno surge no mar da China e, então, atinge o leste asiático. Eles podem ocorrer em qualquer época do ano, mas são mais frequentes entre os meses de junho e novembro. Agora para que uma tempestade seja chamada de tufão, seus ventos precisam alcançar pelo menos 119 km/h.
CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.



0 Comentários