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INTERNACIONAL Terça-feira, 06 de Julho de 2021, 09:22 - A | A

Terça-feira, 06 de Julho de 2021, 09h:22 - A | A

CRISE SANITÁRIA

Rússia enfrenta baixa adesão à vacinação com métodos de coerção

Maioria da população revela ceticismo e leva o governo a impor cotas de vacinados às empresas e licença sem remuneração aos trabalhadores que resistem ao imunizante

G1

Primeiro país a desenvolver uma vacina contra o coronavírus —a Sputnik V—, a Rússia amarga o ceticismo da maioria da população em relação ao imunizante. Alimentada pela variante delta, a terceira onda da pandemia bate à porta dos russos e registra os maiores índices de mortes nos últimos cinco dias. Ainda assim, 54% dizem que não estão prontos para ser vacinados, conforme revelaram ao instituto de opinião independente Levada Center.

Em tese, a vacinação não é obrigatória na Rússia, mas a baixa adesão fez o governo adotar a estratégia da coerção. As empresas precisam cumprir a cota de 60% de funcionários vacinados para não sofrer multas ou suspensão de suas atividades. Ato contínuo, os trabalhadores que se recusarem a serem imunizados, estão sujeitos a uma licença obrigatória e sem remuneração.

Desta forma, o governo pretende ampliar a taxa de 16% de vacinados com a primeira dose e alcançar a meta de 60% até o início do outono. Numa tentativa de animar o processo, o presidente Vladimir Putin finalmente revelou que foi imunizado com a Sputnik V, pondo fim a um suspense que durou meses. Ele alegou ter evitado o assunto para não influenciar a população a priorizar uma vacina em detrimento das outras.

Embora pioneira, a Sputnik V ainda não foi aprovada pela Organização Mundial da Saúde. Os russos têm no cardápio mais três opções contra a Covid-19: Sputnik Light, EpiVacCorona e CoviVac. A eficácia delas, porém, é vista com desconfiança, apesar de o número de infectados ter aumentado para mais de 20 mil por dia --90% deles envolvendo a variante delta.

Em algumas regiões, carros e apartamentos foram distribuídos em sorteios restritos apenas aos vacinados. Bares e restaurantes de Moscou só permitem o acesso de quem apresente uma prova de imunização ou teste negativo.

Mas, de acordo com a pesquisa do Levada Center, 33% dos entrevistados alegam o medo de efeitos colaterais para não se vacinarem, 20% preferem esperar até o fim dos testes clínicos e 16% não veem sentido na imunização.

Como observou Alexey Kovalec, editor do jornal on-line Meduza, em artigo na Foreign Policy, os russos não se intimidam facilmente: certificados falsos de vacinação proliferam no mercado negro e há relatos de suborno para a substituição da dose de vacina por uma injeção de solução salina. É o sinal mais evidente de que a propaganda do governo para conter o vírus não foi captada pela população.

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