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29 de Abril de 2025

OPINIÃO Sábado, 21 de Novembro de 2020, 11:13 - A | A

Sábado, 21 de Novembro de 2020, 11h:13 - A | A

HUDSON FARIA

Vidas negras importam?

Hudson Faria

Cálculos feitos pelo Jornal Folha de São Paulo a partir de dados coletados pelo jornal The Washington Post para o projeto Fatal Force, que trata de letalidade policial, apontam que entre 2015 e 2016 as polícias dos EUA mataram uma pessoa negra a cada 35 horas. No Brasil, no mesmo período, policiais mataram uma pessoa negra a cada duas horas.

 Considerados os percentuais de negros em cada população (56% dos brasileiros se declaram pretos ou pardos e 13% dos norte-americanos são negros), a taxa de mortos pelas polícias no Brasil é cinco vezes maior que nos EUA.

 Essa triste constatação da Folha de São Paulo em um artigo publicado neste dia 20 de novembro de 2020, conflita com o discurso de que no Brasil não existe racismo. Ao contrário, no Brasil há um racismo estrutural e apesar de velado no discurso é e extremamente agressivo na prática.

Negros e negras têm menos oportunidades e chances de vencerem essa roda viva do preconceito e violência

Os corpos negros são dizimados em nossas periferias e a violência policial impera. Tudo sobre o olhar complacente de uma elite branca que só se revolta quando a violência chega ao seu quintal.

 Negros e negras têm menos oportunidades e chances de vencerem essa roda viva do preconceito e violência, e mesmo assim existem críticas as políticas afirmativas de cotas. Dizem que é um assistencialismo barato e que fere a propalada meritocracia. Mas como vencer se o sistema todo joga contra você?

 Até quando vamos testemunhar fatos como o ocorrido no Carrefour de Porto Alegre? Até quando vamos normalizar a violência contra pretos e pretas? Será que um dia seremos uma sociedade menos hipócrita e enfrentaremos de frente a questão do racismo?

 Infelizmente não consigo ver uma perspectiva de melhora a curto prazo, mesmo apesar das lutas e mobilização do povo negro exigindo seus direitos. Temos que nos preocupar em educar nossos filhos para primeiro reconhecer que o racismo existe e que temos uma dívida social histórica com o povo negro.

 Depois, ensiná-los a serem implacáveis com o racismo e com os racistas. Não há graça nas piadas, não há tolerância com a diferença de tratamento e de oportunidades, e acima de tudo que devemos nos unir aos movimentos bradando junto com nossos irmãos negros enquanto esse estado de coisas não mudar.

 Hudson Faria é advogado em Cuiabá

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