Famílias de pacientes de hospitais públicos e privados continuam sendo alvo de estelionatários que se aproveitam da fragilidade da família para extorquir dinheiro. São pelo menos seis novos casos registrados a cada mês na Capital e a único delegado que investiga este tipo de crime se diz impotente.
José Carlos Damian, que atua na 2ª Delegacia do Carumbé, acumula sete mil inquéritos em andamento, que envolvem todos os tipos de golpes. Alerta que esta modalidade de crime hoje financia o crime organizado em todo o País e seus autores permanecem impunes.
Na manhã desta segunda-feira (7), familiares de uma paciente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospital privado da Capital, receberam o telefonema do golpista que se identificou como médico plantonista da unidade.
Ligou no telefone residencial e forneceu todos os dados da paciente, inclusive número de documentos. Disse que ela precisava ser submetida a um exame urgente, ainda naquele dia. Mas alertou que a operadora do plano de saúde só autorizaria o procedimento em sete dias.
Por isso, sugeriu que a família fizesse um depósito para a suposta clínica que faria o exame, dentro da UTI e que depois o plano ressarciria a família.
Mas a irmã e os filhos da paciente só não perderam os R$ 3.150 mil cobrados porque na hora da transferência do valor, o CPF apresentado pelo suposto médico não era válido.
Neste intervalo de tempo, um irmão da paciente que também é médico, manteve contato via telefone com o suposto médico e, logo depois, passou a suspeitar da situação, pois ao questioná-lo com termos específicos do vocabulário médico, percebeu que ele não tinha conhecimento sobre o assunto. Alertou a outra irmã que imediatamente ligou para a UTI do hospital.
Ela soube então que não havia nenhum médico com este nome na unidade e que tudo não passava de um golpe. A funcionária relatou ainda que praticamente todos familiares de pacientes da UTI são assediados pelos golpistas que tentam extorquir dinheiro.
Após a confirmação, o filho da paciente ligou para o telefone do suposto médico e ao dizer que havia descoberto o golpe, desligou abruptamente o telefone e não manteve mais contato.
As vítimas só não perderam o montante porque iriam fazer a transferência on line. Caso tivessem feito o depósito em uma agência, teriam contribuído para a quadrilha.
Financiamento - Crime organizado e facções, como o Comando Vermelho, que atuam dentro e fora das unidades prisionais em todo o país são os que mais têm lucrado com o dinheiro tirado das vítimas de golpes.
A advertência é do delegado que investiga todas as denúncias de estelionato em Cuiabá. Além dele, uma policial e três escrivães se debruçam sobre mais de sete mil inquéritos que se acumulam ao longo dos anos.
Pela falta de estrutura de trabalho e recursos humanos, Damian se sente impotente, diante da grande demanda e do avanço cada vez maior desta modalidade no estado. Garante que estudos mostram que as ações, em 90% são praticadas por criminosos de dentro das cadeias. Existe inclusive um caixa específico que direciona este dinheiro para contas das facções, para dar suporte ao crime organizado em todo país.
O delegado acredita que haveria uma queda em 90% dos crimes caso fossem implantados bloqueadores de sinais, impedindo uso de celulares nas prisões. Por isso, a facilidade de acesso à comunicação permite que este tipo de crime só avance.
No caso específico, envolvendo pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais públicos e privados, fica claro que os golpistas têm informações privilegiadas de dentro das unidades.
O delegado explica que as pessoas precisam ter consciência de que as direções de hospitais privados não mantêm contato sobre estes assuntos via telefone. São tratados nas tesourarias das unidades. No caso dos hospitais filantrópicos ou públicos, não deve existir qualquer cobrança de valores a título de “extras” pelos tratamentos.
Quando houver suspeita de cobrança indevida a direção do hospital deve ser procurada.
Uma das maiores dificuldades na investigação é justamente a obtenção da quebra de sigilo telefônico na Justiça, imprescindível nestes casos, finaliza Damian.
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