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AGRONEGÓCIO Terça-feira, 26 de Agosto de 2025, 09:24 - A | A

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FIM DE CICLO

Cercospora em soja: clima quente e úmido favorece infecções

Altas temperaturas e umidade relativa acima de 80% criam ambiente propício

Agrolink

Altas temperaturas e umidade relativa acima de 80% criam ambiente propício à proliferação de doenças foliares em lavouras de soja, como o crestamento por Cercospora kikuchii. O alerta vem em meio a uma safra marcada por irregularidade climática, que combinou chuvas intensas no início do ciclo e veranicos em fases reprodutivas em regiões produtoras do Centro-Sul. A condição favoreceu infecções fúngicas no período mais crítico da cultura: a formação de vagens.

Doenças de final de ciclo, como Cercospora e Septoria, encontram nas temperaturas entre 23 °C e 27 °C e na alta umidade o cenário ideal para germinação dos esporos, com perdas que podem chegar a 30% da produtividade. Segundo pesquisadores da Embrapa, o fungo C. kikuchii se manifesta com maior agressividade em tecidos senescentes, aproveitando o estresse fisiológico das plantas causado pela irregularidade hídrica.

Complexidade da doença

Estudos recentes identificaram uma diversidade de espécies do gênero Cercospora infectando a soja nas Américas, com destaque para C. kikuchii e C. sojina. Ambas se beneficiam de condições quentes e úmidas, especialmente em fases reprodutivas da planta, como R3 a R5, onde os tecidos jovens são mais suscetíveis.

Apesar de tradicionalmente associada a ambientes úmidos, a doença também pode ocorrer em períodos de estiagem, quando o estresse hídrico da planta acelera o processo de senescência, facilitando a entrada do patógeno. “É um fungo necrotrófico, que se aproveita de tecidos debilitados. Em anos com veranicos no final do ciclo, vemos um recrudescimento da doença”, explicam pesquisadores em boletins técnicos da Embrapa.

Perdas e manejo

As perdas causadas por Cercospora e outras doenças de final de ciclo podem variar de 7% a 30%, dependendo das condições ambientais, do histórico da área e da eficiência do controle químico. O patógeno sobrevive por até quatro anos em restos culturais, o que torna fundamental a adoção de manejo integrado.

Entre as estratégias recomendadas estão:

- Rotação de culturas com espécies não hospedeiras;

- Incorporação de palhada para reduzir o inóculo no solo;

- Aplicação de fungicidas em estádio reprodutivo, especialmente entre R3 e R5;

- Escolha de cultivares com tolerância genética à doença.

Mudança climática amplia o risco

Estudos publicados em periódicos internacionais, como a Frontiers in Plant Science, indicam que a mudança climática pode alterar a dinâmica de doenças na soja. O aumento da temperatura média global e as alterações nos regimes de chuva criam janelas mais longas de exposição das lavouras a patógenos como Cercospora, exigindo atualização constante das estratégias de monitoramento e controle.

Impacto para o produtor

Com o avanço silencioso de doenças como Cercospora, o produtor precisa estar atento à fisiologia da planta e às condições climáticas do ciclo. O manejo preventivo — com monitoramento climático e aplicação estratégica de defensivos — torna-se ainda mais essencial em cenários de instabilidade. A perspectiva para próximas safras é de necessidade crescente por inovação genética e precisão no manejo.

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