O Parque Antônio Pires de Campos, popularmente conhecido como Morro da Luz, localizado no centro da Capital, faz parte da história de Mato Grosso. Ele foi o primeiro parque urbano, inaugurado em 1925 pelo então prefeito Cel. José Antônio Albuquerque, como ato inaugural da tão esperada escadaria que ligaria e facilitaria a movimentação da população da rua debaixo a Colina do Seminário.
Em 1983, o Decreto de Lei de número 870, fez com que o parque se tornasse Patrimônio Histórico Municipal, sendo considerado como um cartão postal da cidade. No entanto, a realidade que ronda a região atualmente é outra.
Recentemente, a demolição dos imóveis da chamada ‘Ilha da Banana’ (área localizada entre a Avenida Coronel Escolástico e o Morro da Luz) fez com que os antigos moradores dos antigos imóveis, em sua maioria usuários de drogas e andarilhos, se deslocassem para o então Morro, para se abrigarem. Segundo moradores e comerciantes das proximidades, esses usuários têm provocado tormento à população, bem como usando o local para sexo e consumo de drogas, transformando o que seria um local de lazer em uma espécie de ‘cracolândia’.
O número de assaltos na região tem crescido consideravelmente, levando até mesmo alguns empresários a fecharem os seus estabelecimentos. Um dos estabelecimentos, para se ter idéia, já foi vítima dos criminosos por mais de dez vezes, apenas esse ano.
Uma das vítimas, proprietário de uma empresa que conserta máquinas de costura industrial, diz que apenas em novembro, já foi assaltado duas vezes, com os bandidos entrando pelos fundos, quando destruíram o escritório e arrombaram o cofre.
“O Morro da Luz tem ficado cada vez pior, no sentido de assaltos, arrombamentos, furtos, e se fizerem uma pesquisa aqui, todo mundo já foi assaltado. Sem contar o consumo de drogas aqui nos arredores, e o movimento de pessoas na cidade tem diminuído, pelo medo das pessoas virem até o centro“, afirmou o comerciante Adrian Silva.
Outro fator que chama atenção, são os estabelecimentos que funcionariam como prostíbulos, localizados no Beco do Candeeiro, que contribui também para o aumento da violência na região. Aliás, no Beco, mesmo durante o dia, é possível ver diversos usuários consumindo drogas, sem um policiamento mais ostensivo para inibir a prática.
“O grande problema aqui da nossa região, principalmente próximo ao Morro da Luz, é exatamente o número de pessoas que foram desocupadas da Ilha da Banana e agora ficam perambulando o tempo todo pela Prainha, onde as maiores vítimas são as mulheres, principalmente as pessoas menos avisadas, que andam com bolsas e jóias”, frisou o comerciante Manoel Procópio.
Por conta disto, o 1º Batalhão da Polícia Militar tem intensificado o trabalho de rondas, que tem como principal objetivo prevenir atos criminosos em áreas do entorno e outros locais da região central de Cuiabá.
De acordo com o comandante, tenente-coronel Fábio Luiz Bastos, a prioridade é evitar crimes. Para isso, a PM aumentou a presença ostensiva de policiais. Bastos explica que com a demolição dos prédios da chamada “Ilha da Banana”, muitos usuários de drogas e outros que estavam instalados no local migraram para o ‘Morro da Luz’ e áreas próximas, onde estão praticando roubos, fazendo uso de drogas, furtos, sexo e danos às residências das imediações.
Ele diz ainda que as ações policiais apenas atenuam e controlam temporariamente o problema, e reforça que a resolução envolve também ações de outros setores do serviço público.
Segundo cálculos da Secid, a ‘Ilha da Banana’ tinha uma população fixa de 60 moradores. A este número, somam-se cerca de 20 outros dependentes químicos que não viviam no local, mas que frequentam a região para usar, vender ou comprar drogas, principalmente crack. O grupo é tido como a 'população flutuante' da região e dispensa menos cuidados que os demais.
Desse total de moradores, a prefeitura, por meio de nota, informa que apenas 17 usuários declarados e 9 andarilhos foram realocados para albergues e comunidades terapêuticas, que ofereceram apoio, sem receberem dinheiro público.
O secretário municipal de Assistência Social, Wilton Coelho Pereira, admite que não há uma política pública consistente para acolher todas as pessoas.“Sem dúvida esta questão está nos tirando o sono”, diz.
O Centro Pop, uma espécie de retaguarda onde estas pessoas podiam tomar banho e descansar, foi fechada pelo ex-prefeito em 2014, devido às reclamações dos moradores da rua Pedro Celestino, onde era localizado.
Na ocasião, as reivindicações ocorreram sob a alegação que os furtos e roubos aumentaram consideravelmente na região após a instalação do apoio.
Já atualmente, o novo albergue não tem capacidade para abrigar todos, diz ainda o secretário. Então, a secretaria busca trabalhar com a reinserção familiar de alguns deles, visto que muitos possuem parentes na cidade, mas perderam vínculos.
“É difícil porque quando a gente vai conhecer o passado deles, ficamos sabendo que começaram a usar drogas e a roubar em casa para comprar e também começaram a usar drogas por falta de estrutura familiar. Então, esta reinserção é mesmo complicada”, antevê o secretário Wilton Coelho.
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