As paredes do Museu da Caixa D’Água Velha, em Cuiabá, ganharam vida nova com as cores vibrantes e os traços emocionantes da artista Maria Paula Ranyelly Gamarra Alencar, de 27 anos. Diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH, Maria Paula apresenta a exposição “Arte que inspira, cor que emociona – A minha esperança foi sonhar e pintar meu sonho”, aberta à visitação até 28 de novembro.
Em cada tela, há um pedaço de sua história, uma jornada de autodescoberta, superação e amor. “Fiquei muito feliz. É um sonho, estou realizando um sonho meu”, resume a artista, com um sorriso que traduz o significado profundo de sua conquista.
A arte como descoberta e libertação
O início dessa trajetória foi simples, mas transformador. “Eu vi um dos meus cantores favoritos pintando e me interessei. Aí minha mãe me colocou em uma escola de pintura e descobri que eu tinha esse talento”, conta Maria Paula. Desde então, ela não parou mais. As aulas se tornaram o espaço onde ela se expressa, aprende e compartilha o que sente.
Suas obras misturam cores intensas e emoção genuína. “O que eu coloco nas minhas pinturas é muito amor. É emoção”, explica. Inspirada em Van Gogh, ela vê a arte como uma forma de transmitir mensagens de esperança. “Acho que as pessoas deveriam seguir seus sonhos. O meu é pintar, mas cada um tem o seu.”
Transformações dentro e fora da tela
Para a mãe da artista, Adriana do Carmo Gamarra Alencar, a pintura mudou tudo. “Sempre buscamos uma atividade que ajudasse a Maria Paula a se desenvolver e sair de casa. Quando ela começou a pintar, vimos um novo brilho nela”, conta emocionada.
Adriana relata que, desde o início das aulas, há mais de um ano, a filha passou a interagir mais, cuidar da aparência e demonstrar autoconfiança. “Ela começou a se olhar no espelho, a querer estar perto das pessoas. A arte deu um ‘up’ na vida dela. Hoje ela está muito mais alegre e vaidosa. Ver isso é a nossa realização.”
A mãe também lembra com carinho de um momento especial: “Ela me deu uma tela e disse: ‘Mãe, essa é pra senhora’. Era uma cerejeira cor-de-rosa, em uma ilha. É preciso ver as pinturas dela para entender. São cheias de amor. Eu acredito no talento dela, e as mães precisam acreditar no talento dos filhos também.”
Arte, inclusão e representatividade
A mostra de Maria Paula é mais do que uma exposição, é um convite à reflexão sobre o poder da arte como instrumento de inclusão e reconhecimento. A terapeuta ocupacional Ana Souza, que acompanha o desenvolvimento da artista, destaca o simbolismo desse momento. “A produção de Maria Paula nos convida a enxergar a pessoa com autismo para além do diagnóstico, valorizando suas potências e formas de expressão.”
O evento conta com o apoio da Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Agricultura, responsável pela gestão do Museu da Caixa D’Água Velha. A iniciativa integra o esforço da administração em valorizar artistas locais e promover espaços de visibilidade para pessoas neurodivergentes.
Um exemplo que inspira
Com sua arte, Maria Paula inspira outras pessoas com autismo, e suas famílias, a acreditarem na própria capacidade. “Eu acho que as pessoas deveriam tomar essa decisão e seguir seus sonhos, realizar o desejo que elas têm dentro delas”, diz.
Sua mãe reforça a mensagem: “Que as mães não desistam. As pessoas com TEA têm dons e talentos, só precisam de oportunidades e apoio.”
Serviço
Exposição: Arte que inspira, cor que emociona – A minha esperança foi sonhar e pintar meu sonho
Artista: Maria Paula Ranyelly Gamarra Alencar
Local: Museu da Caixa D’Água Velha – Rua Comandante Costa, Centro-Sul, Cuiabá
Período: até 28 de novembro
Entrada: gratuita
Realização: Prefeitura de Cuiabá – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Agricultura
CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.








0 Comentários