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ECONOMIA Quarta-feira, 14 de Maio de 2025, 08:19 - A | A

Quarta-feira, 14 de Maio de 2025, 08h:19 - A | A

euforia

Bolsa bate recorde, e dólar cai: por que o otimismo voltou ao mercado financeiro?

Ata do Copom e inflação menor nos EUA levam otimismo aos mercados

O Globo

O otimismo e o apetite por risco tomaram conta do mercado financeiro brasileiro ontem, pelo segundo dia seguido, levando o Ibovespa a fechar em alta de 1,76% e alcançar o recorde histórico de 138.963 pontos. No ano, o índice já acumula rentabilidade de 15,5%. O dólar tombou 1,34% e fechou no menor patamar em sete meses, a R$ 5,608.

Para além da euforia provocada pela trégua firmada na segunda-feira entre China e EUA, projeções de fim do ciclo de alta da Selic e dados indicando uma possível redução dos juros nos EUA animaram os mercados.

— O ambiente está pró-risco. A redução substancial das tarifas, apesar de estarem mais altas do que estavam há três meses, faz uma bateria de revisão de previsão de crescimento das economias globais — avalia Felipe Sichel, economista-chefe da Porto Asset.

Em Nova York, o índice Nasdaq subiu 1,8%. O S&P 500 avançou 0,7% e agora está positivo no ano, uma reviravolta pouco mais de um mês após ter despencado por causa do tarifaço de Trump.

Matheus Amaral, especialista de renda variável do Banco Inter, explica que a trégua anunciada entre China e EUA e as tarifas já reduzidas para outros países provocaram alívio e trouxeram o investidor estrangeiro de volta à B3, a Bolsa de São Paulo.

Amaral avalia que o mercado acionário brasileiro continua “muito barato” em termos de valuation — isto é, a maioria das ações brasileiras está com preço menor do que o considerado justo pelo mercado —, o que também atrai os investidores.

Influência de Copom e Fed
O analista da Porto Asset afirma que a percepção positiva também envolve a previsão de pausa no ciclo de alta de juros pelo Banco Central (BC), que ganhou força ontem após a divulgação da ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que elevou a Selic para 14,75%. No mercado de juros futuros, a taxa de depósito interfinanceiro (DI) de janeiro de 2026 recuou para 14,78% e a de janeiro de 2027 caiu para 14,01%.

 — A parte mais curta (os contratos de juros futuros com prazos menores) refletiu a ata do Copom, que sinaliza que o Banco Central está muito perto de encerrar o ciclo de alta — afirmou Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset.

Sichel, da Porto Asset, evita apostar que a Selic ficará nos atuais 14,75%.

— O comunicado e a ata são consistentes com o fim do ciclo, mas entendemos que o BC não fechou a porta para uma alta final, que vai depender da evolução do câmbio e dos indicadores de atividade. Se demonstrarem desaquecimento, provavelmente o ciclo será encerrado — avalia Sichel.

A queda do dólar ajuda a reduzir pressões inflacionárias e facilita o trabalho do BC para levar o IPCA à meta. No ano, a moeda americana acumula queda de 9,24%.

Ontem, pelo segundo dia seguido, o dólar recuou frente às principais divisas. O índice DXY — que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis outras moedas consideradas fortes — caiu 0,82%.

Um dos principais motivos para o enfraquecimento global da moeda americana ontem foi a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, que foi de 0,2% em abril, abaixo do 0,3% previsto pelo mercado. O indicador de inflação é usado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) como um dos parâmetros para a decisão sobre juros.

Como ficou abaixo das projeções, o CPI contribui para uma possível redução de taxas nos EUA, avalia Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments.

A projeção de corte pelo Fed tende a enfraquecer o dólar, pois os investimentos em renda fixa americana — que têm seus rendimentos atrelados à taxa básica — ficam menos atraentes. Com isso, alguns investidores buscam alocar capital em países com taxas mais altas. Neste cenário, o Brasil surge como um candidato a receber parte desse fluxo, por conta do patamar atual da Selic, de 14,75% ao ano.

— Existe a percepção de que a taxa de política monetária está elevada, que ela vai permanecer assim por algum tempo. Isso reforça a hipótese de um carrego (remuneração) ainda positivo para o real — disse Sichel, da Porto.

Na Bolsa de São Paulo, outro fator que estimulou a compra de ações e o recorde em pontos foi a temporada majoritariamente positiva de balanços trimestrais das empresas listadas, diz Jerson Zanlorenzi, chefe da mesa de ações e derivativos do BTG Pactual. Ele destaca os resultados dos bancos e das empresas de varejo e consumo.

— A microeconomia e o resultado das companhias têm sido pedras fundamentais para manter o Ibovespa elevado — diz Amaral, do Inter.

Petróleo e minério sobem
A trégua tarifária voltou a valorizar as commodities. O minério de ferro subiu mais de 1% na Bolsa de Dalian, na China — principal mercado da Vale, e as ações da mineradora fecharam em alta de 1,64%. A cotação do petróleo também avançou, em linha com o maior apetite a risco e a perspectiva de que, com o acordo entre China e EUA, poderá haver um retorno à demanda anterior ao tarifaço.

O barril do óleo tipo Brent, referência internacional, subiu 2,57%, a US$ 66,63, enquanto o WTI, negociado nos EUA, ganhou 2,78%, a US$ 63,67. As ações da Petrobras subiram 1,52%, a R$ 32,13.

Papéis de empresas voltadas ao consumo cíclico reagiram à queda dos juros futuros e também operaram no positivo. Magazine Luiza, Azzas e Renner subiram mais de 3%.

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