Uma pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostrou que quase quatro em cada dez brasileiros residentes em capitais não fazem nenhum tipo de gestão dos próprios ganhos e gastos. Além disso, dentro desse grupo, 17% admitem fazer o controle “de cabeça”, ou seja, sem nenhuma anotação.
Entre as principais razões apresentadas pelos entrevistados estão a falta de interesse, experiências frustrantes e desafios estruturais relacionados à instabilidade da renda.
Por exemplo, 16% afirmaram que já tentaram monitorar os gastos, mas não perceberam resultados significativos, o que os desmotivou a continuar.
Além disso, 15% atribuem a falta de controle à ausência de disciplina para gerenciar as despesas. Já 14% destacam a dificuldade de manter um rendimento fixo ou o desconhecimento exato sobre seus ganhos mensais.
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, a situação é preocupante, considerando o número expressivo de pessoas sem o hábito de controle financeiro. “Não importa a ferramenta, o importante é que o consumidor não se desorganize financeiramente. O fundamental é sempre registrar tudo o que se ganha e se gasta — e jamais confiar na memória, porque ela falha”, pontua.
Inadimplência
Outro estudo, desta vez divulgado pelo Serasa, mostrou que 77,8 milhões de pessoas estavam inadimplentes no país no mês de junho. Ao todo, as dívidas ultrapassam R$ 477 bilhões.
O valor médio por pessoa ficou em R$ 6.128,26, e cada dívida tem, em média, o valor de R$ 1.567,05.
Ranking de inadimplência por estado
- Amapá – 63,49%
- Distrito Federal – 61,01%
- Rio de Janeiro – 57,19%
- Amazonas – 55,67%
- Mato Grosso do Sul – 55,63%
- Tocantins – 51,59%
- São Paulo – 51,38%
- Roraima – 51,32%
- Ceará – 51,18%
- Mato Grosso – 49,93%
Ferramentas
A pesquisa da CNDL também revelou que 63% dos consumidores fazem algum tipo de controle do orçamento. As ferramentas mais usadas são o caderno de anotações (27%) e planilhas no computador (23%).
Entre os que controlam suas finanças, a maioria registra as despesas essenciais, como mantimentos, produtos de higiene, contas de luz, água, aluguel, condomínio e mensalidades escolares (85%).
Já 77% controlam os rendimentos considerando a soma de todas as fontes de receita — salário, mesadas, aluguéis, ajuda de familiares, “bicos”, pensões e aposentadoria.
Em seguida, 75% monitoram prestações de compras de itens como roupas, imóveis e carros. Outros 70% controlam os gastos não essenciais, como salão de beleza, lazer, saídas para bares e restaurantes, lanches, estacionamento, táxi, roupas e presentes.
Mais dinheiro, menos problemas
A mesma pesquisa mostrou que a inadimplência foi um episódio isolado para quase metade dos entrevistados, que enfrentaram a dificuldade financeira pela primeira vez.
Por outro lado, 26% relataram que essa situação se repetiu, caracterizando uma segunda ocorrência, enquanto 17% afirmaram que a inadimplência é um problema recorrente.
Para entender melhor a percepção dos consumidores sobre sua vida financeira, a pesquisa investigou as afirmações com as quais mais se identificavam. Os principais destaques foram:
- 41% buscam o melhor custo-benefício em todas as compras;
- 35% estão esperando ganhar mais dinheiro para começar a organizar a vida financeira;
- 29% buscam estar sempre informados sobre finanças, organização e educação financeira;
- 28% admitem que às vezes se descontrolam e gastam mais do que deveriam.
Apesar das dificuldades, a autopercepção dos inadimplentes sobre sua capacidade de gerenciar o orçamento é bastante diversificada, revelando uma diferença entre conhecimento e prática. Ao todo, 41% avaliam seu conhecimento como ótimo ou bom, 39% como regular e 18% como ruim ou péssimo.
“Os dados indicam que, para muitos, a gestão de dívidas se torna um desafio contínuo. Embora uma parte significativa experimente a inadimplência como um evento isolado, dificuldades recorrentes — como instabilidade de renda, falta de planejamento financeiro e ausência de controle eficaz dos gastos — dificultam a saída dessa condição”, destaca Costa.
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