Entre as empreitadas da nova corrida espacial em curso entre Estados Unidos e China, Marte se tornou um dos principais destinos. Em meio ao avanço acelerado do programa espacial chinês e às incertezas orçamentárias nos Estados Unidos, especialistas começam a considerar que a China pode ser a primeira a trazer amostras do solo marciano de volta à Terra.
A declaração de uma voz influente dentro da própria Nasa surpreende por vir de uma cientista diretamente envolvida em uma das mais ambiciosas missões americanas: a Dragonfly, programada para decolar em 2027 em direção a Titã, a maior lua de Saturno — outro corpo celeste considerado promissor na busca por sinais de vida. Mas é Marte o ponto central da atual disputa entre as potências.
— A China fez enormes progressos, e até aposto que serão os primeiros a trazer amostras de Marte — afirmou a astrobióloga Catherine Neish, professora na Universidade do Leste do Ontário, no Canadá, e líder da equipa de astrobiologia da missão Dragonfly, da Nasa.
Segundo Neish, a coleta e o retorno de amostras marcianas podem representar um divisor de águas na ciência:
— Poderá pôr fim à especulação científica e indicar que existe ou existiu vida em Marte.
Em janeiro, a agência aeroespacial dos Estados Unidos revelou que avalia duas alternativas para realizar a complexa e cara operação de retorno das amostras colhidas pelo robô Perseverance, que explora Marte desde 2021.
Segundo estimativas divulgadas pelo então administrador da Nasa, Bill Nelson, os custos da missão devem ficar entre US$ 5,8 bilhões e 7,7 bilhões, com previsão de retorno das amostras entre 2035 e 2039 — uma janela de tempo que pode ser decisiva para a liderança científica e geopolítica da exploração marciana.
Apesar disso, Neish não esconde sua preocupação com o futuro do projeto. Ela reconhece que a missão americana enfrenta “terreno instável”, especialmente após a proposta preliminar de Orçamento do governo dos EUA para 2026 prever um corte de 47% nos recursos destinados à pesquisa científica da Nasa — uma redução que pode comprometer a viabilidade de iniciativas como a Mars Sample Return.
Desvio de foco
De acordo com o orçamento proposto pelo presidente Donald Trump, a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço se tornaria, em grande parte, a Administração Nacional da Lua e de Marte, com um foco quase exclusivo em levar astronautas a esses dois destinos.
O governo Trump propõe um Prçamento de US$ 18,8 bilhões para a Nasa, uma queda de 24% em relação aos US$ 24,8 bilhões do ano orçamentário atual. O plano introduziria US$ 1 bilhão em novos investimentos para Marte, com o objetivo de cumprir a promessa de Trump, feita em seu discurso ao Congresso em março, de "plantar uma bandeira" em Marte .
Cortes profundos reduziriam drasticamente os gastos em outras áreas da Nasa, especialmente nas missões robóticas de ciência espacial da agência. Os cancelamentos propostos incluem a missão para trazer amostras de rochas de Marte e satélites de monitoramento climático.
O Sistema de Lançamento Espacial e a cápsula tripulada Orion, que levarão os astronautas de volta à Lua, seriam cancelados após a Artemis III, a primeira missão tripulada que pousaria perto do polo Sul lunar. A Gateway, uma pequena estação espacial em órbita ao redor da Lua, também seria cancelada.
Se aprovado, "este será o maior corte anual na Nasa na História americana", disse Casey Dreier, chefe de política espacial da Planetary Society, uma organização sem fins lucrativos que defende a exploração espacial.
CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.
0 Comentários