A Coreia do Norte afirmou ter testado com sucesso uma nova arma hipersônica, capaz de atingir centros urbanos na Península Coreana. O míssil foi disparado na quarta-feira (22) a partir de Pyongyang, seguindo uma trajetória para o nordeste que, se invertida, alcançaria a cidade de Gyeongju, sede da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), marcada para 31 de outubro.
A Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) informou que dois projéteis hipersônicos foram lançados do distrito de Ryokpo, na capital norte-coreana, e atingiram o ponto-alvo no planalto do Pico Kwesang, na província de Hamgyong do Norte. O regime classificou o armamento como um novo sistema de defesa “importante”.
Pak Jong-chon, secretário do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia, afirmou que o sistema representa “uma prova clara da constante atualização das capacidades técnicas de autodefesa da Coreia do Norte”. Segundo ele, o objetivo é “fortalecer a dissuasão de guerra e reforçar a autodefesa” do país. O líder Kim Jong-un não participou do evento.
Analistas sul-coreanos avaliam que o lançamento foi planejado para demonstrar a capacidade do regime de penetrar em sistemas de defesa aérea e projetar poder militar antes da cúpula da APEC, que reunirá líderes mundiais.
O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) informou que o míssil apresentou trajetória semelhante a um projétil balístico de curto alcance, sem características hipersônicas evidentes, como manobras de elevação na fase terminal ou velocidades superiores a Mach 5. No entanto, as forças armadas não descartaram a hipótese de que o projétil estivesse equipado com um veículo planador hipersônico.
Especialistas acreditam que o míssil pode ser o Hwasong-11Ma, uma variante do KN-23 exibida em desfile militar recente em Pyongyang. O general Son Seok-rak, chefe do Estado-Maior da Força Aérea sul-coreana, disse a parlamentares que “há limitações na detecção devido ao alcance e às características de voo” do artefato.
Kwon Yong-soo, professor emérito da Universidade de Defesa Nacional da Coreia, explicou que o Hwasong-11Ma atinge altitude máxima abaixo de 50 quilômetros e desce para cerca de 30 quilômetros durante o planeio, o que dificulta o rastreamento. Ele destacou ainda que “quando lançado do sul em direção ao norte, a curvatura da Terra limita ainda mais a detecção”.
Pesquisadores acreditam que a ausência de imagens e detalhes técnicos sobre o míssil indica que o armamento ainda está em desenvolvimento. Mesmo assim, a KCNA afirmou que o teste faz parte de um “programa de desenvolvimento de capacidade de defesa para aumentar a sustentabilidade e a eficácia da dissuasão estratégica”.
Autoridades sul-coreanas estimaram que o projétil percorreu entre 350 e 430 quilômetros. Segundo Hong Min, pesquisador do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, “visar uma área próxima ao condado de Orang demonstra um alto grau de confiança”. A distância entre o local de lançamento e Gyeongju é de aproximadamente 460 quilômetros, o que reforça a interpretação de que o teste foi planejado para mostrar que o Norte pode atingir a cidade-sede da APEC.
A possibilidade de o míssil ter sido equipado com um veículo planador hipersônico preocupa especialistas, já que isso ampliaria significativamente seu alcance. “Um míssil desse tipo pode estender seu alcance em pelo menos 30%”, afirmou Kwon. “A ameaça de mísseis hipersônicos capazes de atingir não apenas toda a Península Coreana, mas também bases dos EUA no Japão está se tornando uma realidade.”
O Comando das Forças Armadas dos Estados Unidos na Coreia condenou o lançamento, classificando-o como “um ato ilegal e desestabilizador”. A nota pediu que Pyongyang cesse as violações das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Analistas observam que a resposta americana antecedeu a do governo sul-coreano, um gesto incomum que pode estar ligado à proximidade da cúpula da APEC e à visita esperada do presidente dos EUA, Donald Trump.
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