As negociações entre Israel e o Hamas continuam, por meio dos mediadores internacionais, mas um ponto-chave para o sucesso do acordo é a busca pelos restos mortais dos reféns Durante a noite de sexta-feira para sábado, o Hamas devolveu os restos mortais de Eliyahu Margalit, 75 anos, da localidade de Nir Oz. Na sequência, Israel entregou os corpos de 15 palestinos ao grupo palestino, conforme estipula o acordo de cessar-fogo: para cada refém israelense devolvido, Israel entregará os restos mortais de 15 moradores de Gaza mortos.
Hoje, 18 corpos de reféns ainda estão detidos na Faixa de Gaza. Tel Aviv afirma que o Hamas poderia se esforçar mais para encontrá-los. Autoridades israelenses afirmam que pistas sobre a localização dessas sepulturas de reféns foram repassadas a intermediários.
O impasse ameaça reduzir ainda mais a ajuda humanitária a Gaza, caso o Hamas não cumpra rigorosamente o acordo. Desde que o cessar-fogo entrou em vigor, em 10 de outubro, o grupo islâmico entregou os restos mortais de dez reféns: nove israelenses e um estudante nepalês.
Estratégia para ganhar tempo?
O Ministério da Saúde de Gaza alega que alguns dos corpos devolvidos em troca por Israel apresentam sinais de "abusos, espancamentos, algemas (...)". Essa acusação foi negada pelo exército israelense.
Paradoxalmente, Israel tem impedido a entrada de forças estrangeiras na Faixa de Gaza. Essas equipes poderiam ajudar a localizar e recuperar os corpos que ainda estão nas mãos do Hamas e de outras organizações. Este é o caso, em especial, de uma unidade de 81 socorristas turcos especializados neste tipo de busca.
Israel reafirmou que "não poupará esforços até o retorno de todos os reféns mortos", acusando o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo, após o atraso na entrega dos reféns. Um porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, reiterou o compromisso do movimento com a entrega de todos os restos mortais dos reféns, mas enfatizou que essa questão "leva tempo".
Fontes de segurança israelense acusam a organização islâmica de adiar deliberadamente a próxima fase do acordo de paz: o desarmamento. Nos próximos dias, o enviado dos EUA, Steve Witkoff, deve retornar à região. A visita pode ser um impulso necessário para a implementação contínua do acordo.
Uma fase posterior do plano de Trump inclui o desarmamento do Hamas, a anistia ou o exílio de seus combatentes e a continuação da retirada israelense, pontos que permanecem em aberto.
Chefe da ONU vai a Gaza
O chefe humanitário da ONU, Tom Fletcher, visitou a Cidade de Gaza devastada pela guerra neste sábado e destacou a missão monumental que as organizações internacionais de ajuda enfrentam para fornecer serviços básicos e alimentação aos palestinos.
O primeiro alto funcionário da ONU a visitar a Faixa de Gaza desde o fim das hostilidades chegou à cidade homônima a bordo de um comboio de jipes brancos da ONU, em meio aos escombros. "Estive aqui há sete ou oito meses. A maioria desses prédios ainda estava de pé. Agora, é absolutamente terrível ver uma vasta parte da cidade transformada em uma paisagem de desolação", disse ele à AFP no bairro de Sheikh Radwan, onde inspecionou uma estação de tratamento de águas residuais.
Grande parte do território palestino foi destruída durante a ofensiva israelense, lançada em retaliação a um ataque violento do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.
Plano de 60 dias
O exército israelense continua sitiando a Faixa de Gaza e controla todos os seus pontos de acesso. O acordo de cessar-fogo, baseado no plano de Donald Trump, prevê a entrada de mais ajuda humanitária para a população civil, que precisa de tudo.
"Temos um plano de 60 dias para aumentar o suprimento de alimentos, distribuir um milhão de refeições por dia, começar a reconstruir o setor de saúde, montar tendas para o inverno e levar centenas de milhares de crianças de volta à escola", disse Fletcher.
O funcionário da ONU, que entrou na Faixa de Gaza na sexta-feira, disse que o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) enfrentará "uma tarefa enorme (...), mas devemos isso às pessoas aqui que passaram por tanta coisa". "Há um trabalho enorme, enorme" a ser feito, afirmou.
Agências humanitárias pedem a abertura de todas as passagens, incluindo a de Rafah, com o Egito, crucial para a entrada de ajuda. Em todo o território palestino, equipes de resgate trabalham para recuperar os corpos de palestinos soterrados sob os escombros.
De acordo com a Defesa Civil local, que opera sob a autoridade do Hamas, nove palestinos foram mortos na sexta-feira por tiros israelenses contra um ônibus que transportava pessoas deslocadas na Cidade de Gaza. O exército israelense disse que seus soldados atiraram contra um veículo "suspeito".
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