A Estônia, país membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), fechou parte de sua fronteira com a Rússia após a aparição de homens armados e sem identificação perto da chamada “Saatse Boot”, uma pequena faixa de estrada estoniana que atravessa brevemente o território russo.
Autoridades locais disseram que os homens “definitivamente não eram guardas de fronteira” e representavam uma ameaça, segundo o jornal britânico The Sun. O governo estoniano justificou o fechamento da estrada como uma medida para “evitar a escalada” e proteger civis.
A situação, que gerou temor de uma provocação militar por parte de Moscou, relembra a estratégia usada na anexação da Crimeia, em 2014, quando militares russos sem insígnias – apelidados de “homenzinhos verdes” – ocuparam posições estratégicas antes da invasão.
Temor nas fronteiras
Autoridades da Estônia informaram que o movimento dos homens representava uma ameaça. “Vimos unidades extremamente grandes, com atividade intensa. Eles claramente não eram guardas de fronteira”, disse uma fonte da guarda estoniana ao The Sun.
Imagens registradas na área mostram grupos armados se deslocando próximo ao ponto de passagem. Mais tarde, guardas da Estônia decidiram fechar a estrada “para evitar provocações e garantir a segurança da população”.
“O fechamento da passagem de Saatse Saapa é necessário para garantir a segurança do povo estoniano e evitar possíveis incidentes”, afirmou o serviço de fronteira da Estônia em um comunicado oficial.
O local é um atalho usado por motoristas estonianos para cruzar rapidamente uma pequena área russa sem precisar parar. O gerente regional da guarda de fronteira, Künter Pedosk, disse que houve um “movimento maior do que o normal” de tropas russas na região, o que levou ao fechamento temporário da rodovia.
A Estônia é considerada o membro mais vulnerável da Otan a uma possível ofensiva russa. Atualmente, o Reino Unido mantém cerca de 900 soldados estacionados a 181 km da fronteira.
Em resposta ao incidente, dois aviões da Força Aérea Real britânica (RAF) participaram de patrulhas de 12 horas da Otan na região. “O patrulhamento envia uma mensagem poderosa de unidade a Putin e aos nossos adversários”, afirmou o ministro da Defesa britânico, John Healey.
Teste de Putin à Otan
Em junho, o chefe de inteligência estrangeira da Alemanha, Bruno Kahl, disse que a Rússia está determinada a testar a coesão e a resposta da Otan, levando o confronto com o Ocidente para além da Ucrânia.
“Temos informações de inteligência demonstrando que a Ucrânia é apenas um passo na jornada para o oeste”, disse o chefe do Serviço Federal de Inteligência (BND). “Isso não significa que esperamos tanques se movendo para o oeste, mas acreditamos que a promessa de defesa coletiva da Otan será testada.”
Kahl acrescentou que Moscou pode recorrer a ações menores e indiretas, sem iniciar uma guerra total, para verificar se os Estados Unidos e seus aliados cumpririam o Artigo 5 do tratado da Otan, que determina que um ataque contra um país membro é um ataque contra todos.
“Eles não precisam enviar tanques”, afirmou Kahl. “Basta enviar homenzinhos verdes para a Estônia, sob o pretexto de proteger minorias russas supostamente oprimidas”, acrescentou em uma entrevista ao portal alemão Table Media.
‘Fase zero’ da 3ª Guerra
A Rússia já estaria em uma etapa preparatória de um possível conflito direto com a Otan. É o que sugerem relatórios do ISW (Instituto para o Estudo da Guerra), obtidos e noticiados pelo The Sun.
De acordo com os documentos, o Kremlin entrou no que especialistas chamam de “fase zero” – um estágio de guerra híbrida que combina desinformação, ataques cibernéticos e operações secretas.
O ISW descreve essa fase como “informativa e de preparação psicológica” para um confronto futuro. Enquanto isso, Moscou tem usado a guerra na Ucrânia como campo de aprendizado, aperfeiçoando táticas e testando a reação dos países da aliança.
Philip Ingram, ex-oficial de inteligência e planejador da Otan, disse ao The Sun que o governo russo parece estar analisando o comportamento político e militar do Ocidente diante de ataques com drones, espionagem e sabotagens. “Putin quer identificar brechas e testar se a Otan realmente está pronta para se defender”, afirmou.
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