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INTERNACIONAL Terça-feira, 28 de Outubro de 2025, 08:14 - A | A

Terça-feira, 28 de Outubro de 2025, 08h:14 - A | A

ataque a navio

Venezuela acusa CIA de planejar ação que justificaria ataque

Caracas afirmou que célula criminosa patrocinada pela agência americana realizaria ataque ao contratorpedeiro USS Gravely, da Marinha dos EUA, para dissimular ataque venezuelano e justificar ação militar direta de Washington

O Globo

A Venezuela anunciou ter desmantelado uma suposta "célula criminosa" vinculada à Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), denunciando uma suposta operação que incluiria o ataque ao navio contratorpedeiro USS Gravely, da Marinha americana, atracado em Trinidad e Tobago, com objetivo de incriminar o governo de Nicolás Maduro. Segundo o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, pelo menos quatro pessoas foram presas na ação. Caracas anunciou no dia anterior a prisão do que chamou de "um grupo de mercenários", e classificou a presença militar americana na ilha caribenha de provocação.

 — Em nosso território, está sendo desmantelada uma célula criminosa financiada pela CIA, vinculada a esta operação encoberta — disse o chanceler venezuelano, Yván Gil, acrescentando ter comunicado o governo de Porto de Espanha sobre a suposta operação de "bandeira falsa". — Informei com claridade ao governo de Trinidad e Tobago sobre a operação de bandeira falsa dirigida pela CIA: atacar um navio militar estadounidense parado na ilha e culpar a Venezuela, para justificar uma agressão contra o nosso país.

A tensão entre Venezuela e Estados Unidos atingiu um nível elevado no último mês, com o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmando ter aprovado operações secretas da CIA no país sul-americano, e tratando abertamente sobre sua intenção de realizar ataques por terra contra grupos ligados ao tráfico de drogas na região, aumentando a operação que atualmente está focada no afundamento de barcos no Caribe e no Pacífico — que já resultou em 43 mortes. Caracas afirma que a manobra como um todo é parte de um plano mais abrangente para depor Maduro.

Washington promove a maior concentração de ativos militares na região desde o final dos anos 1980, quando invadiu o Panamá para capturar o ditador Manuel Noriega. Os movimentos mais recentes que o Pentágono anunciou foram os envios do USS Gravely, um contratorpedeiro equipado com modernos mísseis Tomahawk, para Trinidad e Tobago — ilha caribenha localizada a menos de 10 km do território venezuelano —, e o deslocamento do porta-aviões Gerald R. Ford, descrito pela Marinha americana como "a plataforma de combate mais capaz, adaptável e letal do mundo".

 'Nada de chantagem', diz premier
Em meio a pressões do regime chavista de romper os acordos bilaterais de gás devido aos exercícios militares que Trinidad e Tobago realiza com os EUA, a primeira-ministra do país, Kamla Persad-Bissessar, disse à AFP que não cederá a qualquer "chantagem".

“Não somos suscetíveis a qualquer chantagem por parte dos venezuelanos em busca de apoio político”, disse a governante por meio de uma mensagem de texto enviada à agência. “Nosso futuro não depende da Venezuela e nunca dependeu”, acrescentou.

Trump acusa Maduro de liderar o Cartel de los Soles, uma das organizações que o republicano diz ter relação com o envio de drogas ao país. O governo americano atualmente oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura de Maduro.

O envio do contratorpedeiro foi apontado por Caracas como uma provocação de Washington, ao passo que o governo de Trinidad e Tobago refutou a tese, dizendo que a presença do navio tinha o objetivo de "reforçar a luta contra o crime transnacional e construir resiliência por meio de capacitação, atividades humanitárias e cooperação em segurança".

"O governo de Trinidad e Tobago deixou claro em repetidas ocasiões que valoriza a relação deste país com o povo da Venezuela, dada nossa história compartilhada", acrescentou o texto.

'Não queremos guerra'
Em Porto de Espanha, a população está dividida sobre a presença americana próxima à costa da Venezuela.

— Há um bom motivo para trazerem o navio de guerra. É para ajudar a limpar os problemas de drogas que há no território venezuelano — disse Lisa, uma moradora de 52 anos.

Outros moradores, porém, expressaram preocupação com a possibilidade de uma intervenção militar.

— Se acontecer algo entre Venezuela e Estados Unidos, poderemos acabar levando golpes — disse Daniel Holder, de 64 anos. — As pessoas não percebem o quão sério é isso agora, mas coisas podem acontecer aqui.

Caracas acusa a primeira-ministra de Trinidad, Kamla Persad-Bissessar, de ter renunciado à "soberania de Trinidad e Tobago" e transformado "seu território em um porta-aviões dos Estados Unidos para a guerra em todo o Caribe contra a Venezuela, contra a Colômbia e contra toda a América do Sul".

Randy Agard, um norte-americano de 28 anos que viajou a Trinidad e Tobago para visitar sua família, diz ter "sentimentos contraditórios".

— Sinto que os Estados Unidos estão tentando se envolver em tudo para tentar controlar a todos e estabelecer uma narrativa de que se preocupam com os outros — afirma. — Dizem que querem paz e estão enviando navios de guerra, não faz sentido para mim.

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