O delegado Bruno França Ferreira é acusado de invadir uma residência no condomínio Florais dos Lagos, em Cuiabá, na noite desta segunda-feira (28) e ameaçar uma família. Ele foi filmado por uma câmera de segurança invadindo a residência quando estaria supostamente cumprindo uma prisão em flagrante por descumprimento de medida protetiva que seu enteado teria contra a dona da casa, hipótese que o advogado da família, Rodrigo Pouso, negou.
Imagens das câmeras de segurança da residência mostram o delegado, acompanhado de outros três policiais, arrombando a porta e mandando todos deitarem no chão. Uma criança grita assustada e chora, mas o delegado com a arma em punho prosseguia com a ordem.
O delegado alegou que estava cumprindo um flagrante de injúria, ameaça e descumprimento de medida protetiva, enquanto o advogado afirma que a sua cliente não sabe da existência de nenhuma medida protetiva contra a sua cliente.
“Ele teve essa medida extrema sem qualquer ordem judicial, sem qualquer flagrante delito. Invadiu o condomínio usando da função de delegado, chamou a equipe do GOE (Grupo de Operações Especiais) para fazer apoio a ele. Loucura”, disse Pouso ao site MidiaNews.
O caso em questão corre na Justiça, envolvendo o enteado do delegado e o filho da moradora. Eles teriam se desentendido quando a família ainda morava no Condomínio Alphaville I, e para evitar novas rusgas, a mulher teria se mudado para o Florais dos Lagos, mas o enteado do delegado teria passado a frequentar o condomínio onde fica a nova residência da família.
Na noite da última segunda, o rapaz estaria no local, o que desencadeou a ação policial. O advogado Rodrigo Pouso acusou Bruno França de se valer de sua condição de delegado para agir de maneira truculenta na resolução de problemas pessoais.
Pelo vídeo, é possível ouvir o delegado esmurrando a porta, até arrombá-la. Em seguida, ele entra no imóvel com mais três policiais do Grupo de GOE, saca a pistola do coldre e grita com os presentes.
“Deita no chão! Deita, filha da puta! Deita os dois no chão!”, grita ele. No imóvel, estavam a mulher, seu marido e a filha pequena do casal.
Assustada com a situação, a criança começa a chorar, momento que o delegado se aproxima da família. “Manda ela sair daí, senão vou disparar na cabeça dela”, diz ele.
O pai da criança tenta acalmá-la, mas é em vão, e a menina continua chorando.
Próximo às vítimas, o delegado se direciona à mulher. “A senhora sabe que não pode chegar perto daquele rapaz que a senhora viu hoje?”, questiona.
Um dos policiais tenta intervir na situação e pede calma, mas o delegado continua. “A senhora sabe que a senhora tem uma medida protetiva para não chegar perto do R.?”.
Em outro vídeo, filmado pelo próprio Rodrigo Pouso, já na delegacia, o delegado continua alterado, e chega a xingar o advogado.
A OAB/MT emitiu nota de repúdio sobre o assunto. "A OAB por meio de sua presidente e de sua diretoria, vem a público externar REPÚDIO ao tratamento dispensado pelo delegado de Polícia Civil, Bruno França Ferreira, ao realizar atendimento na data de ontem (28/11/2022), no Cisc Verdão, ao advogado Rodrigo Pouso. O delegado de Polícia Civil, Bruno França Ferreira, proferiu em desfavor do mencionado causídico, palavras de natureza desrespeitosas, afrontosas e não condizentes com o cargo e a função que exerce, de servidor púbico, em especial, quando em atendimento a um profissional da advocacia".
A instituição confirma que o vídeo gravado pelo advogado não deixa dúvidas da ausência de urbanidade e, ainda, da utilização de palavras de baixo calão proferidas contra o advogado mencionado, que se encontrava em seu regular exercício profissional. "A OAB repudia veementemente atos como o ora narrados e que não condizem com a importância do cargo e da função de um delegado de Polícia Civil, bem como, não representam o tratamento dispensado à Advocacia pela grande maioria dos Delegados de Polícia e demais servidores da instituição Polícia Judiciária Civil. A OAB-MT deixa claro que não tolerará vilipêndios desta natureza. A Seccional já estuda as medidas cabíveis a serem tomadas em razão do caso em questão".
Já o site Olhar Direto publicou que o delegado Bruno França ainda está em estágio probatório, atuando apenas há 7 meses na Polícia Judiciária Civil. Conforme o portal, ele ingressou na PJC no início desse ano, e integra a 17ª Turma do Curso de Formação Técnico-Profissional da Academia de Polícia.
A Corregedoria da Polícia Civil informou que já tomou conhecimento do caso e vai apurar a conduta do delegado e que a ação que ensejou a entrada do delegado na residência é referente ao descumprimento de uma determinação judicial em medida protetiva de urgência por parte da mulher de 41 anos em relação a um menor de idade, de 13 anos. A medida protetiva de urgência foi requerida ao adolescente dentro de uma investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
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