O leilão de terras que fazem parte da massa falida das Fazendas Boi Gordo foi encerrado na terça-feira (13), e teve arrecadação abaixo das primeiras expectativas. As fazendas foram vendidas por R$ 317 milhões, contra estimativa inicial de R$ 500 mil, segundo a Lut Leilões.
O próximo passo é a publicação dos compradores das áreas para, então, ser iniciado o processo de ressarcimento dos credores lesados com a fraude, após 15 anos. O caso das Fazendas Boi Gordo ficou conhecido no Brasil como um dos maiores episódios de falência envolvendo pirâmides financeiras.
Ocorrido em duas praças, o leilão que não obteve comprador na primeira praça realizada em 19 de agosto, seguiu com deságio de 40% nas terras e arrecadou cerca de R$ 305 milhões na área principal da fazenda (135 mil hectares), aproximadamente a área urbana da cidade de SP, além de aproximadamente R$ 12 milhões com a venda de 17 lotes de 200 hectares cada, ainda segundo informações da Lut Leilões.
Prejudicados aguardam ressarcimento
A aposentada Marta de Lourdes Moraes, de 62 anos, espera ser ressarcida após perder o dinheiro da venda de sua casa para investir na Boi Gordo. O prejuízo, à época, foi R$ 37 mil. “Na época, fazia muita propaganda no rádio. Eu confiei e entrei nesse barco furado. Vendi minha casa, que minha tia tinha me deixado. Era a única coisa que eu tinha”, lamenta Marta. O plano era comprar um imóvel maior após o resgate do dinheiro, que nunca aconteceu.
O analista de sistemas Anderson José da Silva também relembra o prejuízo que teve com o investimento furado. No ano de 2000, após perder o emprego, ele utilizou uma parte da indenização da empresa em que trabalhava para quitar dívidas. O restante, R$ 17 mil, investiu todo na Boi Gordo. “Eu fui iludido. Teve gente que investiu antes de mim e recebeu, propaganda no rádio e na TV, artistas. Então, eu acreditei”, lembra ele. “Fiquei sem nada na época.”
O leilão
O juiz Marcelo Sacramone, responsável pelo caso, diz que "os valores obtidos serão utilizados para o pagamento dos credores". "Passados 12 anos, os investidores têm agora a perspectiva real de serem ao menos parcialmente satisfeitos", afirma.
Fizeram parte do leilão terras das fazendas Realeza do Guaporé I e II, localizadas em Comodoro (MT). São terras remanescentes do processo de falência e correspondem a 135 mil hectares, uma área equivalente a extensão urbana da cidade de São Paulo, segundo informações da Lut Leilões.
"A área submetida a leilão era uma das mais valiosas da Boi Gordo e utilizada à época para angariar clientes diante de sua dimensão e por contar com pistas de pouso, área de plantio, pastos", descreve Sacramone.
“Vamos conseguir ressarcir, ao menos em parte, as mais de 30 mil pessoas vítimas dessa pirâmide financeira”, diz Eronides Santos, promotor de Justiça de Falência que acompanha o caso desde 2007. Do total de investidores lesados, 70% eram pequenos investidores que aplicaram até R$ 25 mil no negócio.
Relembre a fraude
Em 1996, a Fazenda Reunidas Boi Gordo iniciou um processo de investimentos em animais. Pela proposta, investidores receberiam após 18 meses o lucro da venda do boi engordado, com promessas de 42% de rendimento via certificados de investimentos, como aponta a Lut Leilões. A empresa, no entanto, pagava contratos vencidos com recursos de novos investidores, em esquema configurado como pirâmide financeira. Em 2001, a empresa pediu concordata, e faliu em 2004.
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