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CULTURA Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025, 15:07 - A | A

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AGENDA CULTURAL

Alunos de Cuiabá encenam “Sakuntala”, obra-prima da literatura indiana

Peça será apresentada de quinta a domingo (06 a 09.11), no auditório do CRM/MT, em Cuiabá, pelos estudantes do 8º ano da Escola Livre Porto

Da Redação

A literatura universal ganha vida no palco cuiabano a partir desta quinta-feira (6), com a estreia do espetáculo “Sakuntala”, encenado pelos alunos do 8º ano da Escola Livre Porto. As apresentações seguem até domingo (9), sempre às 19h30, no auditório do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT).

Inspirada no texto clássico do poeta e dramaturgo indiano Kalidasa, considerado um dos maiores nomes da literatura oriental e precursor de Shakespeare, Sakuntala é uma narrativa que une poesia, misticismo e filosofia, revelando a força do amor como elo entre o humano e o divino. Escrita originalmente em sânscrito, no século V, a obra é um marco da dramaturgia universal por sua profundidade simbólica e beleza estética.

Na história, o rei Ducianta, durante uma caçada, adentra o bosque de um eremitério onde seres humanos e natureza convivem em harmonia. Lá, conhece Sakuntala, filha adotiva de um sábio brâmane, e os dois se apaixonam. Logo após o casamento, o rei precisa retornar ao palácio e, enquanto o aguarda, a jovem é surpreendida pela visita de um sábio que, ofendido por sua distração, lança-lhe uma maldição: Ducianta esquecerá sua esposa até que ela lhe mostre o anel que ele lhe dera. A partir daí, a trama se desdobra em encontros e desencontros, revelando a grandeza espiritual e emocional dos personagens.

Mais do que um romance épico, Sakuntala reflete a busca pela essência do ser e pela reconciliação entre razão e sensibilidade, temas que permanecem universais. Para os alunos, essa imersão representa também um processo de autoconhecimento. “O teatro me ajudou muito quanto à timidez e insegurança de subir no palco, a vencer meus medos e a acreditar mais em mim”, conta Marina Muxfeldt, uma das intérpretes da protagonista.

Vivendo o papel do rei Ducianta, o estudante Eduardo Ormond destaca que a experiência transformou sua percepção sobre a arte. “É uma experiência de muitos aprendizados. É divertido, cheio de memórias e risadas, mas também exige dedicação e responsabilidade. Antes, eu via o teatro como algo cansativo, difícil, e achava que não conseguiria. Hoje percebo que, quando nos abrimos para novas possibilidades, descobrimos capacidades que nem sabíamos ter.”

A professora Nadiny Costa, que divide a direção com o professor Tales Gustavo Araújo, explica que os ensaios começaram há cerca de dois meses e envolveram toda a comunidade escolar: alunos, pais, professores e funcionários. “O teatro propicia uma jornada de crescimento a esses alunos, que, no fim, têm a missão de entregar uma mensagem importante para a sociedade”, destacam os educadores.

O teatro é uma tradição na Escola Livre Porto, que utiliza o palco como ferramenta pedagógica desde 1995. Ao longo de três décadas, o projeto já levou 53 peças à comunidade cuiabana, resgatando grandes obras da literatura nacional e universal, como O Doente Imaginário (Molière) e Um Inimigo do Povo (Henrik Ibsen). A proposta, inspirada na Pedagogia Waldorf, reconhece o teatro como um caminho de formação integral, que integra o pensar, o sentir e o agir.

No palco, o jovem é convidado a experimentar o lugar do outro, exercitando empatia, comunicação, cooperação e criatividade, que são competências que se refletem em sua vida cotidiana e social. Mais do que um espetáculo, Sakuntala é o resultado de um trabalho coletivo, que une gerações em torno da arte e da educação: um reencontro entre o mito e o humano, entre o aprendizado e a alma.

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