As forças armadas da Alemanha estão se preparando para tratar cerca de 1.000 soldados feridos por dia em caso de um conflito de larga escala entre a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a Rússia, segundo o jornal britânico Daily Mail e a agência de notícias Reuters.
O planejamento ocorre em meio a temores de escalada, alimentados por recentes incursões de jatos e drones russos em territórios de países que integram a Otan, embora Moscou negue intenções de confronto com a aliança militar ocidental.
O cirurgião-geral alemão, Ralf Hoffmann, afirmou que o número de feridos dependeria da intensidade do conflito e das unidades militares envolvidas. “Realisticamente, estamos falando de cerca de 1.000 soldados feridos por dia”, disse ele ao Mail.
A estimativa reflete os preparativos intensificados na Europa após a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciado em fevereiro de 2022, que mais tarde se tornou o maior conflito no continente desde a Segunda Guerra Mundial.
Mudanças na natureza dos ferimentos
Hoffmann diz que a guerra na Ucrânia mudou o perfil dos ferimentos em conflitos modernos. “A natureza da guerra mudou drasticamente na Ucrânia”, afirmou. Antes dominados por ferimentos de bala, os casos agora envolvem principalmente lesões por explosões e queimaduras causadas por drones e munições dispersas.
Soldados ucranianos descrevem a linha de frente, com cerca de 10 km de cada lado, como uma “zona de matança”, onde drones pilotados remotamente localizam e neutralizam alvos rapidamente.
Essa nova realidade dificulta a evacuação de feridos. “Os ucranianos muitas vezes não conseguem evacuar seus feridos com rapidez suficiente porque os drones estão sobrevoando todos os lugares”, disse Hoffmann.
Adaptação de treinamento e infraestrutura
Para enfrentar esse cenário, a Alemanha está adaptando seu treinamento médico com base nas lições da Ucrânia. O exército alemão planeja opções flexíveis de evacuação, como trens e ônibus-hospitais, e expandir a capacidade de evacuação médica por via aérea.
Os feridos receberiam tratamento inicial na linha de frente e seriam transportados para hospitais civis na Alemanha. Hoffmann estima a necessidade de cerca de 15 mil leitos hospitalares, dentro da capacidade total de até 440 mil leitos disponíveis hoje no país.
O serviço médico militar alemão, atualmente com 15 mil profissionais, também seria ampliado para atender à demanda, de acordo com o cirurgião, que acredita na necessidade de se estabilizar soldados feridos ainda na linha de frente por horas antes do transporte.
Nesse sentido, a Alemanha sediou recentemente um exercício militar dos Estados Unidos que reviveu uma prática da Primeira Guerra Mundial: transformar tropas em “bancos de sangue ambulantes”.
No exercício, equipes médicas realizaram transfusões de sangue no campo de batalha com doações de soldados pré-triados. A técnica é importante porque permite fornecer sangue fresco rapidamente, já que ele é armazenado na temperatura ideal no corpo dos doadores.
Tensões no continente
Os preparativos alemães acompanham um movimento mais amplo na Europa. No início de setembro, hospitais franceses receberam ordens para se preparar para um possível conflito na região.
O governo instruiu os chefes de saúde a se prepararem para um “grande confronto” até março de 2026, com a expectativa de receber um número massivo de soldados feridos vindos de todo o continente.
A Otan também tem alertado que a Rússia poderia estar apta a lançar um ataque a partir de 2029. Em declarações recentes, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, classificou o país como a “ameaça mais significativa e direta” à segurança euro-atlântica.
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